Mercado

Cooperativas entram na guerra das cachaças

Os produtores de cachaça de alambique, liderados pela Fenaca – Federação Nacional das Associações de Produtores de Cachaça de Alambique, apostam no cooperativismo para dar competitividade à bebida pela qualidade, pelo padrão e pelo volume nos mercados brasileiro e internacional. A estratégia está de acordo com os planos do Denacoop – Departamento de Cooperativismo e Associativismo Rural – para fortalecimento da cadeia produtiva. Os objetivos são consolidar a cachaça de alambique como produto de qualidade, melhorar a distribuição interna, aumentar as exportações e tirar o setor da economia informal.

São 30 mil produtores de cachaça de alambique, dispersos em todos os estados. Em 2002, eles foram responsáveis por 300 milhões de litros do total de 1,3 bilhão produzido no Brasil. A contribuição da bebida destilada em alambique ficou em apenas 1% dos 14,8 milhões de litros exportados em 2002. A expansão das exportações esbarra na estrutura familiar dos proprietários dos alambiques, que não têm capital para investir em marketing e em distribuição. Como resultado, a maioria das quatro mil marcas de cachaça ainda fica restrita a um consumo regional.

O incentivo à formação de cooperativas pretende mudar o cenário. “Estamos promovendo seminários por todo o país para mostrar as vantagens do sistema cooperativo. Até 2004, prevemos mais 20 cooperativas funcionando nos estados de Pernambuco, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina”, afirma o diretor-executivo da Fenaca, Murilo Albernaz.

O número de cooperativas ligadas à cachaça tem aumentado a cada mês. Várias regiões produtoras estão em processo de formação de novas cooperativas. A Fenaca estima que nove cooperativas estejam em pleno funcionamento no Brasil. Uma das pioneiras, a Coocachaça – Cooperativa de Produção e Promoção da Cachaça de Minas –, reúne 72 produtores. Eles exportam um produto único – a Samba&Cana – para Portugal, Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra, faturando US$ 600 mil por ano. Para a presidente da Coocachaça, Dirlene Maria Pinto, “a cooperativa é a única forma dos pequenos produtores chegarem à exportação. Os produtores cuidam da produção e a administração da cooperativa se encarrega do marketing e da comercialização”.

A Coopas-ES – Cooperativa dos Produtores de Aguardente do Sul do Espírito Santo é outro modelo de organização. Funcionando há quatro anos, a cooperativa capacitou os produtores, organizou a produção e se prepara para engarrafar a Capixaba. A recente Coopcachaça – Cooperativa Paraibana dos Produtores de Cachaça de Alambique reúne 24 produtores e se prepara para lançar uma marca própria. Outro exemplo consolidado é o da Copacesp, no interior de São Paulo, que fornece o produto para a Cia Muller de Bebidas. A Cooperativa dos Produtores de Cachaça do Estado do Espírito Santo é uma história de sucesso com a marca Unicana. Também estão em plena produção a Coopercachaça – Cooperativa dos Produtores de Cachaça de Alambique da Microrregião de Salinas e as cooperativas de Lavras, Ubá e Ouro Preto, em Minas Gerais.

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