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Cooperação Brasil-Cuba deve incluir petróleo, álcool, hotéis, saúde, esportes e segurança alimentar

Entre os acordos celebrados pela comitiva presidencial hoje em Cuba, um destina-se a ajudar o país a soerguer sua indústria açucareira. O ministro Luiz Furlan anunciou a criação de uma joint-venture brasileiro-cubana para criar na ilha um pólo produtor e exportador de álcool carburante, com tecnologia brasileira.

Esta semana, a Petrobrás reabriu seu escritório em Havana e, por força de um acordo celebrado hoje, terá permissão para prospecção de petróleo em dois campos na faixa cubana do Golfo do México. Outro acordo reativa uma joint-venture para a produção de ônibus para o turismo e o transporte público, setor caótico em Cuba.

O Grupo Brasilinvest, do empresário Mário Garnero, está na comitiva para acertar a construção de 2 mil leitos hoteleiros num ambicioso projeto turístico na ilha.

O ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz, fechou um acordo visando a preparação, com a ajuda de técnicos cubanos, de uma elite olímpica visando às próximas olimpíadas. Em troca, os brasileiros ensinarão aos cubanos a ginga e a eficiência do futebol brasileiro, muito admirado na ilha.

Os cubanos querem o apoio do governante brasileiro, amigo de Fidel desde 1980, quando Lula ainda era dirigente sindical, para retirar o país do isolamento. Em novembro, as Nações Unidas vão votar uma moção para que seja suspenso o bloqueio econômico.

A tendência do governo brasileiro é liderar um movimento internacional em favor do país socialista, com o qual tem ligações históricas. Estão sendo também celebrados intercâmbios na área social, numa espécie de permuta vantajosa para os dois lados. Por exemplo, Cuba ajudará o Brasil a massificar o seu sistema vitorioso de saúde popular, baseado no modelo de medicina familiar. Em troca, o Brasil repassará medicamentos e o modelo de combate à Aids.

Segundo informou o ministro Humberto Costa, o Brasil colocará à disposição de Cuba tecnologia de produção de vacinas, medicamentos e imunobiológicos. Haverá também acordos em torno do reconhecimento mútuo de médicos brasileiros que se formam em Cuba e de médicos cubanos que trabalham no Brasil, hoje prejudicados por leis e normas internas.

O ministro José Graziano aproveita a visita para beber conhecimentos que o ajudem a turbinar o Fome Zero brasileiro. “Cuba tem feito com êxito um grande esforço para garantir a segurança alimentar, apesar das dificuldades impostas pelo bloqueio”, observou o ministro.

Ele quer observar de perto alguns programas, como o da multiplicação de pequenos produtores de alimentos, o sistema chamado de “paladares” (pequenos casas de refeição, chamadas no Brasil de botecos), nome inspirado na novela brasileira “Vale Tudo” e a experiência da “libreta”. Trata-se de um cupom com o qual os cubanos retiram por mês uma ração essencial de alimentos e de gêneros de primeiras necessidades.

Lula se encontrará também com residentes brasileiros na ilha. Cerca de 700 brasileiros vivem em Cuba, a maioria estudantes. Uma parte deles é formada por bolsistas enviados a Cuba pelo Movimento dos Sem-Terra (MST) e o PT. Outros pagam do próprio bolso a formação em áreas consideradas de excelência, como os cursos de ciências médicas. Não está previsto nenhum encontro com representantes da oposição ao regime castrista. O presidente retorna ao Brasil no final da tarde de sábado.

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