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Conversão de veículos para o gás cai 74%

As conversões de veículos movidos a gasolina e a álcool para o GNV (Gás Natural Veicular) tiveram uma queda de até 74% nas oficinas especializadas de Araçatuba nos últimos 90 dias. Segundo os proprietários das oficinas, são três as razões para a redução: a queda no preço do álcool combustível, registrada no período; a falta de postos para abastecimento em cidades da região; e o alto custo da conversão.

Na oficina Joatt, a queda na conversão foi de 70%. Em média, há 90 dias, eram convertidos 25 carros por mês, contra apenas oito atualmente. “O baixo preço do álcool levou à queda, mas o preço já está subindo, o que deve ajudar a aumentar a procura”, afirma Ádamo Chapenotte Júnior, proprietário da oficina. O litro do álcool em Araçatuba custa em média R$ 0,99, mas já chegou a custar em torno de R$ 0,65. Segundo ele, o preço baixo gerou um aumento nas conversões de veículos a gasolina para álcool, com uma média de sete a oito trocas por mês.

A proprietária da oficina Rodezio, Sandra Monteiro, afirma que a queda chegou a 74%. De 15 carros convertidos, em média, por mês, o número caiu para cerca de quatro, no mesmo período. “A falta de postos para abastecer na rota da cidade de São Paulo acaba desanimando os proprietários”, diz.

Ela conta ainda que os consumidores que costumam fazer a conversão do veículo são pessoas que fazem longas viagens e possuem grandes carros. “Quem faz a troca pelo gás quer andar 100% com o gás”, diz. Quando o combustível acaba, o motorista vira a chave conversora para o combustível original.

A dificuldade para os proprietários de carros movidos a gás é que não existem postos em cidades próximas, como Bauru ou São José do Rio Preto. O mais próximo fica em Três Lagoas (MS). Araçatuba conta com um posto para abastecer com gás natural e três oficinas cadastradas para a conversão do motor.

Segundo a Comgás (Companhia de Gás de São Paulo), algumas cidades que possuem postos, dentre outras, são: Americana, Campinas, Piracicaba, Rio Claro, São Carlos, Sorocaba e Jundiaí.

Wamberto Silva, da oficina Freiolândia, completa a opinião de Sandra e diz que, se houvesse mais postos, o motorista poderia ir e voltar com o carro movido a gás e não precisaria fazer parte da viagem com o combustível original. “O custo da conversão também é considerado alto e a população está descapitalizada”, afirma. Em sua oficina, a queda em 90 dias foi de 65%. Das 12 conversões por mês, a média passou para quatro. O custo da conversão de veículos movidos a gasolina ou a álcool para o gás natural fica entre R$ 1.800 e R$ 3.500, dependendo do carro e do tamanho do cilindro de gás. O menor tem 7,5 metros cúbicos (para carros médios) e o maior tem capacidade para 30 metros cúbicos (para grandes caminhonetes).

Vantagens- Na opinião de Chapenotte Júnior, a grande vantagem do gás natural veicular em relação aos outros combustíveis é a economia financeira e o fato do carro se tornar bicombustível. Em Araçatuba, um metro cúbico de gás custa R$ 0,99 e é suficiente para rodar, em média, 16 quilômetros. O litro de álcool custa o mesmo valor, mas é suficiente para rodar 9,5 quilômetros. Já o litro da gasolina sai por R$ 1,99 e permite percorrer 13 quilômetros, segundo ele.

Uma simulação de custos para uma viagem entre Araçatuba e São José do Rio Preto, cuja distância é de 150 quilômetros, revela que o motorista gastaria 8 metros cúbicos de gás, no valor de R$ 8, com o metro a R$ 0,99. Em gasolina, seriam gastos 13 litros e R$ 25, ao preço de R$ 1,99. Já em álcool, seriam gastos 13 litros e R$ 13, com o litro a R$ 1.

Silva ressalta ainda que outra vantagem do gás é o fato de o combustível ser limpo e não causar danos ao veículo, além de existir em quantidade abundante.

“O combustível não carboniza o motor”, explica. O gás natural veicular é uma mistura de elementos, cujo principal componente é o metano, cerca de 93%. É o mesmo gás utilizado em residências, comércio e indústria, mas não é o mesmo que o GLP (Gás Liqüefeito de Petróleo), encontrado, por exemplo, nos botijões de gás das residências.

Economia é determinante para troca de combustível

O fator econômico foi determinante para que o diretor comercial Claudemir Antonio Carlos, de Araçatuba, optasse pela conversão em GNV (Gás Natural Veicular) dos quatro carros de sua empresa atacadista de secos e molhados. Há cerca de um ano e meio, ele converteu uma Blaser, uma caminhonete S-10, uma Courier e uma Saveiro. Carlos conta que costumava gastar, em média, cerca de R$ 500 por mês com cada carro. Hoje, o valor não chega a R$ 200. “Mesmo com o preço do álcool mais baixo, ele é muito variável”, afirma. Segundo ele, mesmo que o litro do álcool estivesse custando R$ 0,60, o gás natural, ao preço de R$ 0,99, ainda seria mais vantajoso para o motorista, já que um metro cúbico de gás faz mais quilômetros do que um litro de álcool.

Ele conta ainda que o problema da ausência de postos para abastecer em cidades da região de Araçatuba é compensada pelos dois cilindros existentes nos veículos, o que amplia a capacidade de armazenamento do gás. “Com isso, a autonomia é maior. Uma viagem com a Saveiro e a Courier até São Paulo, abastecendo em Araçatuba, só é necessário completar lá”, explica.

O empresário Nilton Cesar Gazeta, proprietário de uma auto-escola em Araçatuba, fez a conversão dos sete veículos de sua frota, dos tipos Ford Ka, Celta e Corsa, há dois anos. Em média, gastou R$ 2.700 por carro. “Mesmo com o custo, valeu a pena a conversão, porque os carros rodam muito”.

Antes da conversão, a cada 15 dias, Gazeta gastava R$ 2 mil para abastecer os sete carros a gasolina, e hoje o custo é de R$ 850, uma economia de 58%.

Segundo ele, a falta de postos para abastecer em cidades da região não chega a ser um problema, já que ele viaja pouco. Ainda assim, segundo ele, seria interessante que houvesse mais postos pela região de Araçatuba. Mas, quando acaba o gás, durante a viagem, basta passar o veículo para o combustível original. “A ida é a gás e a volta a gasolina, o que ainda gera economia”, conta.