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Contratos de açúcar caíram mais que ações na Jordânia

No início deste ano, quando os investidores mais inteligentes do mundo disseram que comprar contratos de açúcar era a maneira mais fácil de ganhar dinheiro em 2006, eles teriam se saído melhor comprando ações da Jordânia, onde o Índice Geral Amman SE caiu 23%.

Andreas Meyer, co-gestor de US$ 200 milhões na Merit Alternative Investments GmbH de Viena, na Austrália, disse em março deste ano que o açúcar subiria mais 40%, depois de o produto ter duplicado para a cotação de 19,90 a libra-peso no período anterior de 12 meses.

Michael Coleman, diretor executivo lotado em Cingapura da Aisling Analytics Pte., que fez idêntica recomendação com a mesma eloqüência naquela época, diz agora que suas suposições “se mostraram equivocadas”. Ele e Meyer não vão nem cogitar de comprar contratos de açúcar pelo menos pelo restante deste ano, porque, segundo dizem, isso lhes traria mais prejuízos.

O açúcar caiu 34% de 31 de março até o final de agosto, na maior retração de cinco meses já registrada desde 1999 pela Bolsa de Commodities Futuros de Nova York. Esse desaquecimento é parte do pior trimestre já vivido pelo mercado de commodities desde 1981, segundo apurou o Índice Reuters- Jefferies CRB. Ontem, os contratos para entrega em outubro caíram 0,64%, cotados a 12,36 centavos de dólar por libra-peso, ante os 12,44 verificados na sexta-feira.

O que deu errado foi que o clima surpreendentemente favorável levou à colheita de supersafras no Brasil e na Índia, e a queda dos preços da gasolina reduziu a demanda por combustíveis alternativos à base de cana-de-açúcar. “A história cíclica das commodities já pertence ao passado”, disse Jack Ablin, diretor de investimentos da Harris Private Bank de Chicago, que administra US$ 50 bilhões e vendeu este ano seus 2% de investimentos em commodities.

Os preços de ativos não-agrícolas, desde petróleo bruto até apartamentos em Nova York, caíram este ano, uma vez que os bancos centrais de EUA, Europa e China elevaram as taxas de juros a fim de controlar a inflação. Os investimentos financeiros estão registrando lucros em meio a projeções de que a inflação da União Européia (UE) e dos Estados Unidos será dominada.

A queda do açúcar deste ano se originou de uma mescla de condições climáticas favoráveis e a clássica relação oferta/demanda. O Brasil, o maior produtor mundial da commodity, colheu uma safra recorde e a Índia, seu concorrente mais próximo, poderá seguir seu exemplo. Ao mesmo tempo, os elevados patamares dos preços levaram os compradores a procurar alternativas ou reduzir suas compras.

A demanda por etanol, combustível automotivo produzido a partir da cana, caiu com a diminuição dos preços da gasolina. As condições meteorológicas favoráveis prejudicaram os mercados de outras commodities. Os preços do milho e da soja caíram 13% desde o pico.