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"Continuamos em busca de novos projetos"

Depois de fechar este ano acordos de parceria milionários com os grupos Tereos Internacional, na Açúcar Guarani, e São Martinho, na Nova Fronteira, tornando-se uma das maiores produtoras de etanol do País, a Petrobrás Biocombustível começa a fechar sua estratégia para o setor. “Nossa expansão terá como base prioritariamente os investimentos estratégicos que fizemos na Guarani e Nova Fronteira”, afirma o presidente da companhia, Miguel Rossetto, em entrevista à Agência Estado. Rossetto explica que as regiões norte de São Paulo, sul de Goiás e Triângulo Mineiro, onde estão localizadas as dez usinas do setor sucroalcooleiro em que a Petrobrás Biocombustível tem participação, são prioritárias para o crescimento da empresa no etanol. “Queremos ter uma gestão centralizada em cada área onde estamos”, disse. A seguir, os principais trechos da entrevista:

A Petrobrás Biocombustível acabou de completar dois anos de vida com a divulgação de grandes parcerias no setor sucroalcooleiro. O que esperar para o próximo ano?

Vamos crescer mais. Em 2010, consolidamos nossa participação no biodiesel e entramos com força no etanol. Tínhamos 40,4% de participação da Usina Bambuí, parceria com a Total Agroindústria. Depois, entramos em 45,7% da Açúcar Guarani, controlada pela Tereos Internacional. E, mais recentemente, formamos a Nova Fronteira com o Grupo São Martinho, onde temos 49%. Apenas com a participação que temos nessas empresas, no total de dez usinas, vamos terminar 2010 com a produção de 900 milhões de litros de etanol e moagem superior a 24 milhões de toneladas de cana. Também triplicamos nossa produção anual de biodiesel em 2010, passando de 171 milhões para 507 milhões de litros.

E esse crescimento será orgânico ou via novas aquisições?

A estratégia é flexível. Vamos continuar buscando novos projetos com sustentabilidade ambiental, econômica e qualidade logística. Poderão ser greenfields (usinas novas) ou usinas já existentes. No etanol, a expansão terá como base os investimentos feitos na Guarani e na Nova Fronteira. A base de expansão serão os “clusters” no norte de São Paulo (onde estão as usinas da Guarani), o sul de Goiás (onde está a Nova Fronteira) e no Triângulo Mineiro (onde fica a Bambuí). É uma decisão que busca otimizar a gestão e a utilização da infraestrutura e a proximidade com o mercado.

E existem áreas delimitadas para a atuação de cada usina nas aquisições?

Sim. Nossos investimentos com a Guarani priorizam o Estado de São Paulo e a Nova Fronteira visa a expansão da Petrobrás Biocombustível no Centro-Oeste. Esse planejamento cria ótima eficiência logística, que é cada vez mais um referencial estratégico para o escoamento, tanto para o mercado interno como para exportação.

Possíveis novas aquisições seguirão o mesmo modelo adotado até aqui?

Sim. Queremos uma participação paritária na gestão, composição societária próxima de 50% e responsabilidade na gestão. Esse deve ser o modelo de gestão adotado. Estamos gostando do resultado obtido até o momento em nossas participações.

E onde podemos esperar mais sinergias?

Vamos investir na cogeração de energia elétrica por meio da queima de bagaço de cana-de-açúcar. Temos de aproveitar essa biomassa disponível nas usinas. Cada vez mais temos de pensar nossos ativos como grandes produtores de energia e aproveitá-los ao máximo. Então, além de produzir etanol, vamos produzir também energia elétrica e elevar a receita dessas usinas.

O pré-sal não vai afetar os investimentos em biocombustíveis por parte da Petrobrás?

Não. A Petrobrás vai crescer em petróleo e também crescer em combustíveis renováveis. Esta é a qualidade estratégica desta empresa. Este é o posicionamento correto de uma empresa que tem planejamento de longo prazo.