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Consultor prevê safra de 2012/13 menor ou igual a atual

A próxima safra de cana-de-açúcar deverá começar apenas em maio, com cerca de um mês de atraso e deve se manter igual ou ainda mais baixa do que a safra atual. A estimativa foi anunciada pelo consultor Plinio Nastari, durante a 11 Conferência Internacional da Datagro, que aconteceu nos dias 21 e 22 de novembro no Grand Hyatt Hotel , em São Paulo.

O retardamento da colheita deve acontecer por falta de matéria -prima. “Não teremos cana em março nem em abril de 2012. O maior volume ficará pronto para colheita apenas em maio”, afirmou. A estimativa é que a cana plantada em outubro e novembro seja colhida somente em 2013.

O processamento de cana no Centro-Sul deve ficar entre 460 milhões de toneladas e 515 milhões de toneladas, enquanto a capacidade industrial estimada é de 620 milhões de toneladas, um gap que pode chegar a 130 milhões de toneladas.

A situação é resultado de uma combinação de fatores como a estiagem prolongada, a falta de investimentos em renovação e a idade avançada dos canaviais. Segundo dados divulgados pelo consultor, a safra de 2012/2013 será muito parecida ou pior do que a atual, que até 1 de novembro havia registrado 490, 38 milhões de toneladas no Brasil. “A próxima safra será uma safra ajustada via preço. Uma safra de transição e preparação”, avaliou.

A Datagro divulgou também uma revisão de sua expectativa de produção de açúcar e etanol para o Centro-Sul em 2011/2012. Segundo Nastari, a produção de açúcar deve chegar a 30,7 milhões de toneladas ante 30,13 milhões de toneladas estimados anteriormente.

A estimativa para a produção de etanol é de 20,3 bilhões de litros diante de 19,9 bilhões de litros da previsão anterior. O ATR foi estimado em 137,2 quilos por tonelada de cana, acima da estimativa prévia, que foi de 134,2 quilos por ATR.

Um terço da produção de cana de 2010/2011 foi utilizado nas exportações. Neste período, as operações de swap vantajosas fizeram crescer os números de exportação, que geraram lucro pelo prêmio de renovabilidade pago pelos americanos pelo etanol de cana, considerado avançado.

Segundo Nastari, o cenário deve manter sustentados os preços tanto do açúcar quanto do etanol . Desde 2008 o mix está mais açucareiro pelos preços de mercado. Entretanto, a demanda pelo etanol continuará crescendo e para que esta seja atendida, há a necessidade de incentivos para o aumento da produção.

“O prêmio do etanol anidro caiu muito em comparação com o hidratado, o que reflete em uma ampla disponibilidade do produto, o que pode levar à hidratação do etanol anidro, para suprir a demanda proveniente da frota de carros flex “, afirmou.

Segundo Nastari, as perspectivas para 2012/2013 são de aumento de investimento na flexibilização industrial, que deve ocorrer sem a interferência do governo. Além disso, são necessários incentivos para a renovação dos canaviais e plantio de cana.

“Os investimentos serão concentrados em aumento de eficiência energética e na redução de custos. A energia proveniente de biomassa de cana é viável e pode responder ao desafio da escala global sem prejuízo à agricultura e mercado de alimentos”, finalizou.

Ainda segundo ele, o mercado sucroenergético continuará crescendo e expansão do setor na década de 2010-2020 será compartilhada com outros países da América do Sul, Europa e Ásia.