Representantes de duas das maiores empresas brasileiras de açúcar e etanol reforçaram, nesta segunda-feira (28/11), a urgência em relação a investimentos no etanol. Para executivos da Raízen e Coopersucar, a conjuntura atual impõe a tomada de decisões em favor do combustível produzido a partir da cana-de-açúcar.
O presidente da Raízen, Luis Henrique Guimarães, afirmou ter uma visão otimista. Lembrou que o biocombustível abastece 40% do chamado ciclo Otto (veículos que consomem etanol e gasolina) no Brasil. Avaliou, porém, que a participação poderia ser maior, o que impõe uma série de desafios.
Guimarães considera positiva a decisão da Petrobras de mudar sua política de formação de preços. No entanto, reforçou a necessidade de um regime tributário diferenciado para o etanol em relação à gasolina. Cobrou clareza na participação do etanol na matriz energética, desenvolvimento de novas tecnologias e regras que favoreçam a competitividade da bioeletricidade dos leilões de energia elétrica promovidos pelo governo.
“Criamos um negócio que é difícil de replicar no mundo”, defendeu Guimarães, durante um dos painéis do Unica Forum, promovido pela União da Indústria de Cana-de-açúcar, em São Paulo (SP). Para ele, diante do que chamou de escassez de recursos e de produto, a saída é criar condições para que o setor invista, de acordo com informações da Reuters.
Incentivos contra o aquecimento
No mesmo painel, o presidente do Conselho Deliberativo da Coopersucar, Luis Roberto Pogetti, reforçou a importância do incentivo ao etanol para o Brasil cumprir sua parte nos acordos para evitar o aquecimento global. Para ele, o combustível é o que pode atender mais rapidamente à demanda por energia limpa.
Pogetti fez uma comparação, por exemplo, com o uso da energia elétrica nos carros. Segundo ele, essa fonte levaria em torno de 20 anos para proporcionar uma redução que considera contundente nas emissões de gases de efeito estufa. Já o etanol teria condições de dar a mesma resposta em até cinco anos, além de ser mais competitivo.
“O carro elétrico tem desafios de distribuição e de custo. O desafio é enorme. O Brasil não precisa de carro elétrico. Tem a sua alternativa, que é o etanol”, defendeu o executivo.
O presidente do conselho da Coopersucar disse ainda que o combustível fóssil, como a gasolina, deve “pagar pelo dano que faz ao meio ambiente”. Afirmou ainda que a produção do etanol seria importante para evitar a importação de derivados de petróleo pelo Brasil. “O Brasil tem problemas de abastecimento e tem uma conjuntura mundial que favorece o Brasil a se fincar na vanguarda da matriz energética limpa mundial”, disse ele.