Os setores da indústria que sofrem com o aumento da concorrência das importações, causado pela valorização do real frente ao dolar, são os que registram maiores quedas na produção e no emprego. A conclusão é de um estudo divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que comparou os números da balança comercial com dados da pesquisa da produção industrial, apurada mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O segmento que mais sofre com a concorrência dos importados é o do vestuário, segundo a pesquisa. No primeiro semestre, as importações de artigos do vestuário cresceram 51,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Já a produção da indústria brasileira do setor teve queda de 7,9% . Só em junho, a alta das compras externas atingiu 54,3%, enquanto a atividade industrial caiu 15,9% sobre o mesmo mês de 2005.
No setor de produtos de madeira, as importações cresceram 20,8% no semestre, o que resultou em queda de 8,8% na produção nacional. Em junho, as compras feitas exterior subiram 27,5%, na comparação com igual período do ano passado, e a produção doméstica caiu 10,1%.
Também o setor de artigos de couro e calçados sofre com a alta das importações. Nos primeiros seis meses de 2006, as importações cresceram 23,1%, e a produção industrial teve queda de 3,9%, sobre igual período do ano passado. Em junho, as importações cresceram 22,8% e a produção caiu 10%.
Setores mais dependentes de insumos importados foram beneficiados pelo dólar barato.
Máquinas para escritório e informática, por exemplo, importaram 44,8% a mais no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2005. Na mesma base de comparação, a produção desses equipamentos cresceu 58,4%. Para o setor de aparelhos elétricos acontece o mesmo fenômeno: as importações cresceram 22,8% e a produção do setor aumentou 13,8%.
EMPREGO
O nível de emprego na indústria paulista ficou praticamente estável em julho, com variação de 0,03% sobre junho, o que significou a criação de mil postos de trabalho no mês passado.
A pesquisa, apurada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), mostrou ainda que, nos sete primeiros meses de 2006, a indústria de transformação paulista abriu 76 mil vagas, o que representou uma alta de 3,68% sobre o total de empregos que as empresas do setor mantinham em dezembro do ano passado.
Na comparação com julho de 2005, o nível de emprego apresentou alta de 1,77% no mês passado. Para o diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas (Depecon) da Fiesp, Paulo Francini, 2006 deve fechar com ligeira variação positiva no emprego industrial paulista em relação ao ano passado. na Na avaliação de Francini, o número deve ficar ligeiramente abaixo de 2%. Não prevemos grandes altas na geração de postos. Sem contar que novembro e dezembro são meses tradicionalmente de corte de pessoal, afirmou o diretor da Fiesp.
Segundo ele, 95% dos 76 mil novos empregos no Estado estão concentrados no setor de álcool e açúcar. Como a atividade desses segmentos é sazonal, a expectativa é de que parcela importante desses empregos seja eliminada no fim da safra, no último trimestre do ano.
O setor de minerais nãometálicos, que está ligado à construção civil, também contribuiu para o aumento da oferta de emprego , com 3,5% do total de novos empregos na indústria paulista. Se forem excluídos esses dois setores, a geração de empregos na indústria é próxima de zero.