Aprevisão da safra de cana-de-açúcar que está sendo moída pela indústria sucroalcooleira este ano é de 651,51 milhões de toneladas. Se confirmada, haverá aumento de 7,8% na produção total em relação ao ciclo 2009/2010 (604,51 milhões de t), alcançando recorde nacional. O resultado faz parte do segundo levantamento da safra divulgado na quinta-feira pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Segundo o secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Manoel Bertone, a projeção garantirá a oferta de etanol para todo o País, levando-se em consideração a manutenção das características positivas para o setor. “Esta é uma safra muito boa, promissora. Estamos verificando um aumento considerável na produção de etanol e açúcar e prevendo o pleno abastecimento do mercado com esta safra”, afirmou.
De acordo com os técnicos da Conab, a partir do mês de abril deste ano, as chuvas tornaramse escassas em toda a região Centro-Oeste, persistindo até o momento. Este comportamento do clima favoreceu as operações de colheita e aumentou a concentração de sacarose na cana.
Em contrapartida, prejudicou o desenvolvimento dos canaviais, tanto nas áreas de expansão e renovação quanto também a brotação das áreas colhidas nesta safra. Em virtude do comportamento do clima, “já pode se prever prejuízos na próxima safra, causados pelo menor desenvolvimento da cana que, certamente, terá um porte menor, afetando a produtividade”, informa a Conab.
Os técnicos ressaltam que a situação se agrava ainda mais, pois o prognóstico climático para os próximos três meses (setembro a novembro) é de chuvas abaixo na média histórica no Centro-Sul do País por causa do estabelecimento do fenômeno La Niña, o que certamente prejudicará parte da safra 2010/11.
Em agosto, a colheita, ainda em fase intermediária, alcançava 60% da maior parte dos canaviais. Do total de cana a ser esmagada, 54,9% (357,5 milhões t) são destinadas à produção de 28,4 bilhões de litros de álcool, o que representa elevação de 10,30% em comparação com 25,76 bilhões de litros na safra anterior.
Deste volume, 20,2 bilhões de litros são do tipo hidratado e 8,2 bilhões do anidro.
Os 45,1 % (294 mil t) restantes vão para a produção de 38,1 milhões t de açúcar, aumento de 15,35% sobre o período anterior. Na safra 2009/2010, foram produzidas 33 milhões t de açúcar. O consumo interno deve chegar a 11,11 milhões t, somando consumo direto mais produtos industrializados.
VARIAÇÕES. Segundo os técnicos da Conab, o ATR vem sofrendo variações desde o início da colheita da cana-deaçúcar.
No momento, o ATR está acima de 150 kg/t de cana moída, o que gradativamente vai elevando o ATR médio da safra como um todo. Até o momento esta média está entre 135 e 140 kg /t de cana, com variações regionais.
A área destinada ao setor sucroalcooleiro chega a 8,2 milhões de hectares (ha) ou 10,2% a mais que a anterior. O Estado de São Paulo continua com a maior parte da área, com 4,4 milhões ha. Em seguida vêm Minas Gerais (706 mil ha), Paraná (613,7 mil), Goiás (599,3 mil) e Alagoas (438,6 mil). O total dessa área ocupa apenas 0,95% do território nacional.
De acordo com Bertone, o governo estará pronto para agir novamente caso haja risco de desabastecimento de mercado, como ocorreu em 2009, mas ele disse que não se conta com essa possibilidade neste momento. “A demanda de etanol já começa a se aproximar da do ano passado, quando houve um desequilíbrio de mercado. Para este ano, a situação está mais estável.” Bertone salientou que, quando uma safra segue-se a um ciclo bastante chuvoso, há aceleração do corte da cana e, consequentemente, produção a partir de cana com menos de 12 meses. Isso ocorre, segundo ele, porque as usinas não podem parar e aguardar por uma nova safra já “madura”. “Usina é logística pura”, resumiu. O secretário lembrou que 2009 foi um ano muito difícil porque as usinas não conseguiram manter o fluxo. Ele ressaltou que o clima seco, por enquanto, é normal e que a produção proporcionará preços mais estáveis.