Mercado

Conab anuncia safra de cana recorde

Estudo aponta que a produção nacional deve atingir 471,2 milhões de toneladas em 2006/07. Incentivada pelos bons preços praticados no mercado e pelo recorde na área plantada, a produção de cana-de-açúcar na safra 2006/2007 tende a ser a maior da história. Divulgado ontem, o segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta produção de 471,2 milhões de toneladas, 0,3% a mais do que a estimativa inicial, anunciada em maio, de 469,8 milhões. Se confirmada a previsão, haverá crescimento de 9,2% em relação à temporada anterior, quando foram colhidas 431,4 milhões de toneladas.

Segundo a Conab informou no relatório do levantamento, “esse crescimento resulta basicamente dos investimentos realizados em tecnologia e em novas usinas, atraídas, principalmente, pelos bons preços dos produtos no mercado”.

O preço do quilo do açúcar refinado aumentou 34,17% entre agosto do ano passado e agosto deste ano. Já o preço do álcool anidro, que é misturado à gasolina, aumentou 20,28% no mercado interno no mesmo período. Nos últimos dias, no entanto, os preços dos derivados da cana-de-açúcar caíram, pois a colheita da safra está no auge. O aumento da produtividade da cana – de 3,5%, equivalente a 2,6 mil quilos por hectare – e as boas condições climáticas no Nordeste também contribuíram para a expansão da produção.

O clima está favorável para o desenvolvimento da cultura, especialmente no Nordeste, o que se reflete no aumento de produtividade e conseqüentemente na produção da cana, de acordo com a Conab. A projeção de safra de cana no Nordeste é de 64,545 milhões de toneladas, 11,9% a mais do que na safra anterior, percentual acima da média nacional.

Na região Centro-Sul, que responde por 86,3% da safra nacional, a estiagem provocou no primeiro semestre perdas na produção, sobretudo em São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Mesmo assim, a safra crescerá 8,8%, para 406,6 milhões. São Paulo é o maior produtor de cana do Centro-Sul, com 59,9% do total. A área plantada nacional de cana cresceu 5,5%, de 5,8 milhões de hectares, no ciclo 2005/06, para um recorde de 6,2 milhões de hectares, influenciada pela migração de áreas ocupadas antes por pecuária e plantio de grãos.

Segundo o presidente da Conab, Jacinto Ferreira, se necessário, a Secretária de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) poderá monitor a questão da migração. Ele lembrou que o país tem vasta área de terra para acomodar as culturas. Mesmo com a manutenção da demanda forte por álcool, no Brasil, e de açúcar, no exterior, Ferreira disse acreditar na estabilidade dos preços dos derivados de cana. Lembrou que o álcool tem uma produção finita. “Se a demanda aumentar de forma expressiva, haverá risco de desequilíbrio no mercado, com alta nos preços ao consumidor, como ocorreu no ano passado”.

Segundo a Conab, 423,4 milhões de toneladas de cana serão destinadas à indústria sucroalcooleira – 238,4 milhões para produção de açúcar (equivalente a 595,3 milhões de sacas) e 185 milhões para industrialização de álcool (17,8 bilhões de litros). O restante da safra vai para outros fins, como rapadura e cachaça. O estudo da Conab foi realizado na primeira quinzena de agosto com 392 entrevistados, entre usinas, destilarias, sindicatos e órgãos públicos.

kicker: Alta dos preços do álcool, do açúcar e perspectiva de demanda maior estimulam investimentos na instalação de usinas