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Começa hoje workshop sobre questões energéticas

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Além da cana, o sorgo, mandioca, capim elefante, miscanthus e eucalipto, também são pesquisados pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), por meio de seus Institutos de Pesquisas e Polos Regionais, como fontes de energias renováveis. Para apresentar aos produtores rurais e demais interessados em bioenergia, a APTA realiza em 27 e 28 de junho, o VI Workshop Agroenergia: Matérias-Primas, no Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, em Ribeirão Preto (SP).

Hoje, a tarde o público sucroenergético poderá contar com as palestras sobre mecanização de baixo impacto e manejo conservacionista e o sistema radicular sob palhada da cana. Nesta quinta, 28 de junho, a pesquisadora do Polo Centro-Sul/APTA Regional, Raffaella Rossetto, apresentará a palestra “Plantas para Bioenergia – A Experiência da Flórida, EUA”, na qual mostrará opções de culturas fontes de energia limpa, como o capim elefante e o miscanthus, que produzem 48 e 55 toneladas por hectare de biomassa respectivamente. As duas culturas já são estudadas nos Estados Unidos e têm no Brasil clima e solo adequados para cultivo, além de fácil controle fitossanitário.

“Da mesma forma que a cana-de-açúcar, o miscanthus, capim elefante, erianthus, sorgo, entre outras, são caracterizadas por alta eficiência energética e baixo requerimento nutricional”, afirma Rossetto.

Outra cultura usada em complementação do etanol de cana é o sorgo. O grão pode ser plantado nas áreas de reforma do canavial e colhido antes do inicio da safra da cana. “É utilizada a mesma tecnologia e os equipamentos da cana, sendo possível produzir cerca de três a quatro mil litros de etanol por hectare, tornando mais eficiente o processo como um todo”, explica a pesquisadora do Polo Centro-Sul/APTA Regional, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Rossetto teve contato com essas culturas enquanto fazia pós-doutorado na Universidade da Flórida e agora, traz para o Brasil o que estudou no exterior. A biomassa produzida por essas culturas será utilizada para a geração de etanol de segunda geração. “Quando a tecnologia for comercial e o investimento mais competitivo com o produzido de cana, certamente haverá ampliação de área de cultivo. A expectativa é que isto ocorra em cinco anos”, explica Rossetto.

Os resíduos do eucalipto podem ser outra fonte de biomassa. Estima-se que a cada hectare da árvore, são gerados cerca de 45 toneladas de galhos e cascas que podem ser usados para fabricação de metanol.De acordo com Rossetto, para a produção de etanol de segunda geração não é necessário cortar a árvore de eucalipto e, sim, utilizar seus resíduos. “É possível usar apenas os restos quando é feito o desgalhamento no manejo de plantações de eucalipto. Quando se usa a madeira para a produção de papel, ou mesmo na construção em carpintaria, marcenaria e nas cidades, com a manutenção de parques e jardins, também são produzidos muitos resíduos de galhos e árvores que caem. É dessa madeira, ou dos resíduos do seu processamento, que estamos falando”, afirma a pesquisadora da APTA.

Os estudos realizados pela APTA buscam culturas eficientes para a produção de bioenergia, com alto potencial de produção de biomassa, boa produtividade, alto teor de fibras ou açúcares, culturas de preferência não alimentícias, que necessitem de poucos nutrientes e água, além de emitir menos gases do efeito estufa, em comparação com os combustíveis, na produção e no processamento.

Com a utilização de biomassas, é possível reduzir em até 80% a emissão de gases do efeito estufa, quando comparado com combustíveis fosseis, com a vantagem de poderem ser produzidas constantemente em diversas regiões do País. “É possível escolher uma planta adaptada para a região onde se necessita de energia. Além disso, a biomassa não depende de outros países ou regiões para ser produzida. Há certa independência estratégica importante em ter uma fonte de energia em que é possível produzir quando e quanto necessita, em local próximo da demanda de energia. Além disso, as biomassas representam uma fonte de energia renovável. O petróleo, além de ser uma fonte finita, está presente em alguns países que dominam seu preço e a distribuição. Desta forma, é importante que se tenha uma matriz energética variável, compondo combustíveis fosseis renováveis, em proporções adequadas e econômicas”, explica a pesquisadora da APTA.

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O Workshop tem o objetivo de fomentar o debate em torno da produção de etanol, biodiesel, bioetanol, cana-de-açúcar e das culturas agroenergéticas em geral. “O evento também terá foco na fitossanidade e preservação do solo, além de apresentar oportunidades decorrentes dos avanços na matriz energética brasileira e mundial, correlacionadas à consciência ambiental e às necessidades econômicas”, afirma o pesquisador da APTA, José Roberto Scarpellini.

Durante o evento, serão abordados diferentes temas apresentados por especialistas e pesquisadores, sobre matérias-primas para produção de etanol, biodiesel, consórcio entre culturas alimentares e energéticas, plantio de sorgo e cana energia, plantio-direto e sustentabilidade, além de novos produtos da cadeia produtiva e os programas desenvolvidos por várias Instituições do Estado de São Paulo.

Serviço

VI Workshop Agroenergia: Matérias Primas

Data: 27 e 28 de junho de 2012

Local: Auditório do Centro de Cana do IAC

Endereço: Anel Viário, Km 321, Ribeirão Preto – SP

Mais informações: www.infobibos.com/agroenergia