Em um futuro não muito longínquo, o diesel que hoje abastece os veículos pesados vai perder o protagonismo porque afeta diretamente a qualidade do ar e contribui para as mudanças climáticas. Os caminhões rodarão pelas estradas com biocombustíveis inovadores, motores híbridos elétricos ou hidráulicos ou movidos a gás natural.
“O combustível a ser utilizado vai depender do segmento que o veículo atende, se é um caminhão que roda mais no perímetro urbano ou na estrada, sua capacidade de carga, se há restrições à sua circulação”, afirma Leandro Siqueira, diretor de engenharia de desenvolvimento da MAN Latin America, que fabrica os caminhões e ônibus da Volkswagen.
A empresa vem trabalhando no desenvolvimento de motores que atendem a essas tendências de mercado, como uma tecnologia que roda com diesel renovável produzido a partir da cana-de-açúcar (já disponível para ônibus), além de motores híbridos. “Todas essas tecnologias ainda não são competitivas, mas vai chegar o dia em que será proibido andar com combustíveis fósseis, então os motores híbridos e adaptados para biocombustíveis serão benvindos”, diz Siqueira.
Antes dessa ruptura tecnológica, as tecnologias de controle de emissões dos motores ainda devem avançar rumo a padrões de emissões de poluentes mais rígidos. No caso do Brasil, os padrões ainda são menos rígidos em comparação com as normas europeias, principalmente em razão da qualidade do combustível. O teor de enxofre no diesel comercializado no país foi sendo reduzido ao longo da última década passou do S500, com mais de 500 ppm (partes por milhão) de enxofre para o atual S10 (10 ppm), o que levou os fabricantes de veículos pesados a incorporar novas tecnologias em seus motores, tanto para receber os novos combustíveis quanto para reduzir a poluição causada pelos óxidos de nitrogênio (NOx), monóxido de carbono (CO), materiais particulados (fuligem) e dióxido de carbono (CO2).
A partir de janeiro de 2012, os fabricantes tiveram de se adaptar às normas P7 do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), do Ministério do Meio Ambiente, que estipulou novos parâmetros de controle de poluentes, estabelecendo que os novos veículos fabricados no país devessem reduzir 60% das emissões de NOx e 80% do material particulado em relação aos padrões anteriores, o P5. Isso aproximou os novos motores fabricados no país do padrão europeu em vigor desde 2008, o Euro5.
Agora, os veículos a diesel que circulam na Europa já estão uma tecnologia à frente, o Euro6, que entrou em vigor a partir de 2015 e traz limites mais rígidos para a emissão de poluentes no caso dos NOx, o limite liberado pelos escapamentos será 50% menor em relação ao padrão atual. A norma europeia deverá influenciar os novos parâmetros do Proconve (o P8) nos próximos anos. Porém, a eficácia da atualização poderá estar ameaçada pelo fato de que a frota brasileira é antiga: a maioria dos caminhões que rodam hoje pelas ruas e estradas tem idade média entre 17 e 20 anos, anteriores ao Euro5.
A Scania optou por utilizar no mercado brasileiro o sistema SCR (Redução Catalítica Seletiva, na sigla em inglês), baseada na tecnologia conhecida como Arla 32, um composto químico injetado no sistema de escapamento dos caminhões e transforma os óxidos de nitrogênio em nitrogênio e água.
As informações são do Valor Econômico.