O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, afastou ontem – ao menos por enquanto – a possibilidade de reajuste do preço dos combustíveis no país. “Não estamos analisando mudança de preço da gasolina neste momento”, disse ele, em entrevista ao final do 3º Fórum das Estatais de Petróleo, realizado no Rio.
De acordo com Dutra, os preços de petróleo e derivados no exterior permanecem muito voláteis para que tal decisão seja tomada. “Tivemos em menos de um mês o petróleo saindo de US$ 58 para US$ 50 [o barril], uma queda de 16%. E agora [a cotação] voltou para US$ 52”, afirmou o presidente, ao dimensionar a instabilidade do mercado.
Ontem, o barril fechou a US$ 54,20 em Nova York, em queda de 0,68%, enquanto o tipo Brent terminou cotado a US$ 54,06 em Londres, com queda de 0,48%.
A Petrobras não reajusta os combustíveis desde o final de novembro do ano passado, quando o petróleo se situava na casa dos US$ 40 o barril. Na época, a gasolina subiu 7% e o diesel, 10%.
A julgar pelos comentários dos diretores das companhias reunidos no fórum, o petróleo se manterá elevado, afirmou Dutra. Segundo ele, o sentimento majoritário de dirigentes de estatais do petróleo -inclusive das gigantes do Oriente Médio, que concentra as maiores reservas do mundo- é de que o preço do óleo continuará alto ainda por muito tempo.
“Há a avaliação de que os preços vão permanecer em patamares altos, não sei em quanto. Isso em razão de uma série de fatores tanto de oferta como de demanda, como os crescimentos da Índia e da China, além de fatores especulativos, que são inerentes à indústria do petróleo”, disse.
Dutra afirmou que nas plenárias do encontro o assunto preço não foi discutido formalmente, mas tal impressão foi colhida “em conversas paralelas”.
Três temas foram discutidos no fórum: desenvolvimento sustentável (ambiente e responsabilidade social), gás e associações e convênios entre as estatais, especialmente na área tecnológica.
O evento reuniu as 22 maiores estatais do setor, responsáveis por 80% das reservas de petróleo e gás do planeta. Participam do encontro Sinopec (China), PDVSA (Venezuela), NNPC (Nigéria), Petronas (Malásia), Saudi Aramco (Arábia Saudita) e Statoil (Noruega), entre outras.
Dutra comentou ainda sobre as mudanças na regulamentação do mercado de petróleo na Venezuela. O governo daquele país pretende elevar tributos e rever contratos de produção. O presidente da Petrobras disse que a companhia se “antecipou” às alterações e já negocia mudanças nos contratos com a PDVSA desde o final de 2004.
Pelo modelo atual, a Petrobras presta serviços à PDVSA, entregando a ela toda a sua produção e sendo remunerada por isso. A proposta do governo venezuelano é partilhar a produção, por meio de contratos nos quais a PDVSA será majoritária, com, no mínimo, 51%. As mudanças estão sob análise, disse Dutra.