Rogério Manso, diretor de abastecimento da Petrobras, questiona análises baseadas nos dados da empresa, que concluíram que ela manteve seus preços acima dos do mercado internacional em 2003. E rebate dados publicados no Valor relativos a um relatório do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), que utiliza, para comprovar essa suspeita, a contribuição da área de abastecimento para o lucro da Petrobras até setembro, que revelou aumento de 16% em 2002 para 29% em 2003, num ano em que apresentou redução de 6% nas vendas de combustíveis.
O diretor rebate essa tese explicando que o resultado de sua área foi maior em 2003 – o balanço será divulgado dia 13 – devido a dois fatores: aumento das margens de refino em todo o mundo; e o fato de o resultado estar sendo comparado com 2002, quando o lucro da área foi comprimido pela disparada do dólar, que afetou mais o custo da matéria prima e menos os produtos.
“Para referência, compare com os de 2001 (50% do resultado da companhia) quando os preços eram fixados pelo governo”, sugere Manso. De fato, em 2001, a Petrobras teve lucro líquido de R$ 9,867 bilhões, sendo R$ 4,93 bilhões (49,97%) relativos à área de abastecimento. Manso lembra ainda que os preços da gasolina e do diesel não foram mantidos, e sim reduzidos em 10% em maio do ano passado e que o lucro da Petrobras é fruto do preço mais alto do petróleo, “mas também de margens internacionais mais altas de refino, fretes e petroquímicos, o que afetou todas as companhias de petróleo que operam em mercado aberto e que tiveram resultados recordes históricos”.
Para o economista Adriano Pires, do CBIE, o problema central é o que ele chama de “falta de transparência” da Petrobras em sua política de preços.”