A inflação de novembro deverá ser pressionada pelos combustíveis e pelas tarifas de telefonia fixa. A avaliação é da gerente da Coordenação de Índices de Preços do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Eulina Nunes dos Santos.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de outubro avançou para 0,44%, influenciado principalmente pelo aumento dos combustíveis. Gasolina e álcool juntos tiveram um impacto de 0,11 ponto percentual no índice.
“Como o reajuste foi concedido na metade do mês de outubro, parte ficou para ser refletido em novembro”, disse. Com o reajuste de 4% nas refinarias, a gasolina ficou 1,45% mais cara para o consumidor. No álcool, o aumento nas bombas chegou a 5,31% com o reajuste das usinas.
Outro efeito do aumento dos combustíveis foi o reajuste das passagens aéreas. Elas ficaram 5,03% mais caras em outubro com o aumento do combustível para aviação.
Em novembro, o aumento de 3,5% no pulso e na assinatura de telefones fixos deve pressionar ainda mais o índice. Em outubro, a influência foi de 0,2 ponto percentual.
Segundo Santos, alguns itens têm afetado continuamente a inflação este ano, como o aço e as resinas plásticas. No ano, o aço já subiu mais de 50%. O efeito destes aumentos não se limita a placas de aço e resinas em geral, mas afeta também a produção de automóveis novos, de acessórios e peças para veículos e eletrodomésticos. No ano, os automóveis novos já subiram 12,24% e as peças para veículos, 17,44%.
De acordo com Santos, os reajustes não devem ser atribuídos a um aumento da demanda. “A pressão de custo é maior, se o produto tem aço em grande parte de sua composição, fica difícil não repassar”, disse.
A influência do aquecimento do mercado interno pode estar afetando o setor de vestuário. Este ano, ele já cresceu 7,14%. A técnica do IBGE afirma que a alta deve estar relacionada ao aumento de crédito.
O recuo dos preços dos alimentos tem evitado, no entanto, uma maior expansão dos índices de inflação. De setembro para outubro, eles ampliaram a queda de 0,19% para 0,23%. Produtos “in natura” tiveram queda expressiva, como a batata-inglesa (-10,09%), o tomate (-16,74%) e a cebola (-27,87%).
De acordo com Santos, outro fator que contribuiu para a ampliação da queda dos alimentos em outubro foi o comportamento do dólar. A moeda americana regula o preço de commodities (produtos negociados no mercado internacional) como a soja. O excesso de safra de cereais e grãos também contribuiu para reduzir os preços.