Há um nó na política de combustíveis. No primeiro semestre, aumentou muito a importação de gasolina. Hoje, o Estadão publicou que até maio cresceu 315%; no ano passado tinha aumentado 322%; esse é o ritmo, houve um aumento “explosivo” da importação do combustível. O governo fez várias opções erradas.
Além do mais, a estrutura logística não aguenta, não tem onde mais estocar o produto, por exemplo. Importa-se por um preço, mas entrega-se na distribuidora por um preço menor.
O governo tem reduzido o imposto sobre a gasolina e o diesel – zerou a Cide recentemente, deixando de arrecadar R$ 400 milhões por mês para incentivar o consumo de gasolina, aumentando o desequilíbrio entre ela e o etanol. Vale lembrar que a redução da Cide foi anunciada no último dia da Rio+20.
Parte da crise do setor do etanol está relacionada à situação das empresas que, muito endividadas, quebraram. Também falta horizonte de investimento, por causa dessa política que incentiva o consumo do combustível fóssil. O etanol emite menos gases de efeito estufa.
A tendência mundial é colocar imposto sobre o carbono. Ainda não se sabe como fazer a transição para uma economia de baixo carbono. O governo deve usar vários incentivos, como favorecer o produto que emite menos gases de efeito estufa; punir com imposto o combustível que emite mais, para se caminhar na direção de redução das emissões.
Hoje, o setor de etanol tem queda de produção por vários motivos. Falta investimento, como sabemos. O setor se pergunta se o governo vai regular de forma que ele consiga competir. Quando faz renúncia fiscal à indústria automotiva, por exemplo, o governo não pede aumento da eficiência dos motores com etanol.
Há vários caminhos. O que não pode é deixar tudo como está; o aumento descontrolado do consumo de gasolina importada é insensato.
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