Mercado

Com seca, produção de cana no Nordeste é estimada em 57 milhões de toneladas

Até 31 de dezembro de 2024, foram esmagadas um total de 43 milhões de toneladas, o equivalente a 78% da safra de cana no Nordeste

Com seca, produção de cana no Nordeste é estimada em 57 milhões de toneladas

A produção de cana-de-açúcar nas regiões Norte e Nordeste do Brasil sofreu uma revisão significativa, caindo de uma previsão inicial de 62 milhões de toneladas para 57 milhões, conforme informa Renato Cunha, presidente-executivo da NovaBio e do Sindaçúcar-PE.

A redução é atribuída à irregularidade das chuvas, que prejudicou o desenvolvimento da safra atual.

Impactos da seca em 2025

Até 31 de dezembro de 2024, as usinas já haviam esmagado 43 milhões de toneladas, o que corresponde a 78% da produção total esperada para a safra 2024/2025.

No entanto, segundo Cunha, a falta de chuvas bem distribuídas ao longo do ano e o início tímido das precipitações em janeiro indicam que o total final ficará abaixo das expectativas iniciais.

“Ainda há 22% da safra para ser processada, mas tudo indica que o volume total será de cerca de 57 milhões de toneladas. Essa queda reflete o impacto direto da irregularidade climática na região”, explicou.

Regiões afetadas pela estiagem

A safra, que ocorre de julho a fevereiro, foi particularmente afetada em áreas costeiras, como Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte, Sergipe.

O déficit hídrico não apenas prejudica a colheita atual, mas também pode comprometer o desenvolvimento da próxima safra, prevista para 2025/2026.

Investimentos em segurança hídrica 

Para enfrentar os desafios climáticos, Renato Cunha defende maior investimento em infraestrutura de irrigação e armazenamento de água.

Ele enfatizou a necessidade de um plano integrado, liderado pelo governo federal, para garantir segurança hídrica no Nordeste, tanto para uso agrícola quanto humano.

“O acúmulo de água nas barragens é essencial para sustentar a irrigação e a produção agrícola, além de apoiar a produção de energia limpa e alimentos”, destacou.

Etanol: um caminho sustentável

Renato Cunha também criticou a falta de políticas públicas voltadas ao etanol, um combustível renovável que, segundo ele, é constantemente prejudicado pela prioridade dada à gasolina pela Petrobras.

“A Petrobras deve incorporar o etanol em sua estratégia como um elemento central da transição energética, dada sua capacidade de descarbonizar e gerar empregos no Brasil”, argumentou.

Cunha reforçou ainda o papel do etanol em setores como transporte aéreo e marítimo, além da produção de biometano, e pediu ações mais concretas para integrar o etanol às políticas de energia limpa no país.

Perspectivas para a safra 

Embora a safra atual esteja em andamento, com cerca de dois meses restantes, a recuperação dependerá das chuvas nos próximos meses.

A longo prazo, Renato Cunha defende medidas estruturais para proteger o setor da cana-de-açúcar no Norte e Nordeste, garantindo sua sustentabilidade e competitividade diante das mudanças climáticas e demandas do mercado global.

Com uma produção estimada em 57 milhões de toneladas, o setor reafirma sua importância econômica e a necessidade de políticas públicas voltadas para inovação, segurança hídrica e transição energética.