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Com consumo em queda, pode até sobrar álcool

A aparente queda no consumo de etanol preocupa os empresários. As exportações do combustível, especialmente para os Estados Unidos, perderam velocidade no mês passado e a demanda doméstica mantém-se retraída, uma vez que as distribuidoras e as redes de postos não têm repassado aos proprietários de veículos a redução dos preços ocorridos nas usinas.

O maior risco, para as usinas, é ser levada a formar estoques de grandes proporções, para comercializar álcool no período de entressafra da cana, afirma o analistas José Vicente Ferraz, do Instituto FNP. “Com juros elevados, grande parte dos resultados poderão ser absorvidos pelas despesas financeira”, acrescentou.

Apesar da expansão da oferta de álcool combustível, o analista Júlio Maria Martins Borges, da Job Consultoria, considera “temerário” elevar a participação do álcool anidro na gasolina de 20% para 25%, como solicitam os usineiros ao governo federal. “Até agora, só pouco mais da metade da safra de cana foi colhida”, lembra Borges.

As lavouras de cana sofrem os efeitos de prolongada estiagem, afirma. Para ele, seria mais seguro aguardar o final do corte da cana para avaliar se há estoques em volume suficiente para suprir o mercado doméstico e, ao mesmo tempo, cumprir os contratos de exportação. O analista acredita que as exportações de álcool este ano alcancem 3 bilhões de litros, mais de 30% do que o embarcado no ano passado.