A estiagem, que se prolongou por oito meses no ano passado e tanto favoreceu a produção de álcool e açúcar, causou significativos estragos nas lavouras paulistas de cana-de-açúcar na safra atual. Segundo relatório da União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica), a quebra na produtividade chega a 3% até 1 de julho em relação à safra passada. A estimativa é considerada conservadora. Para o diretor-superintendente da Equipav, Newton Salim Soares, em Promissão (noroeste do Estado) a quebra é superior a 5%.
As usinas da região Centro-Sul já moeram 131,3 milhões de toneladas de cana-de-açúcar moídas até o início deste mês, 4,42% mais que em igual período do ano passado. Como a produção estimada é 13,5% maior, significa que o atraso no corte da safra da cana é de cerca de 11%. adverte Salim Soares. “Não vamos conseguir colher tudo até novembro. Deve sobrar 10% da matéria-prima no campo”.
Caso fiquem mesmo no campo 10% da cana cultivada, as usinas da região deixarão de produzir 900 milhões de litros de álcool ou 1,35 milhão de toneladas de açúcar, calcula o executivo.
Para aproveitar toda a cama, o corte teria de ser acelerado numa velocidade até 11% maior que no ano passado, uma possibilidade remota, segundo o diretor da Equipav.
As razões da demora em cortar toda a cana plantada são conseqüência do expressivo crescimento da demanda por equipamentos, o que provocou atrasos nas entregas de caminhões para carregar a matéria-prima.
Também a decisão das usinas de produzir mais álcool provocou reação dos preços do açúcar em Nova York. Neste mês, a commodity já reagiu 5,8% no contrato 11 para março. Sexta-feira alcançou 10,29 centavos de dólar por libra-peso. Também o álcool começou a reagir segundo pesquisa do Cepea.