As usinas de açúcar e álcool do Centro-Sul do país processaram 77% da safra 2007/08 de cana até o dia 1º de outubro, segundo levantamento da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica).
A produção de cana na região está estimada em 415 milhões de toneladas, com uma produção de 18,8 bilhões de litros de etanol e 25,1 milhões de toneladas de açúcar, segundo a Única. A produção de etanol deverá superar a safra anterior em 2,5 bilhões a 2,7 bilhões de litros, enquanto no açúcar a estimativa é de uma produção inferior entre 500 mil a 700 mil toneladas.
Em setembro, foram processadas 62,52 milhões de toneladas de cana contra 51,05 milhões de toneladas no mesmo período do ano anterior, configurando um aumento de 22,5%, e que, no acumulado (abril/setembro) representa um crescimento de 9,4% em relação à safra anterior.
Esta estiagem prolongada (60 dias sem chuva) afetou o crescimento da cana colhida nos 2/3 iniciais desta safra, o que poderá acarretar uma queda de produtividade de 5% na área a ser colhida na safra 2008/209.
A safra continua alcooleira e a produção mensal de álcool cresceu 27% em relação a setembro do ano anterior, 2,986 bilhões de litros contra 2,351 bilhões de litros. Por sua vez, o açúcar também teve uma pequena recuperação com uma produção mensal de 4,38 milhões de toneladas contra 3,92 milhões no mês de setembro da safra anterior.
No acumulado da safra, o açúcar aparece com uma produção 4,8% inferior e o álcool supera os números da safra passada em 16,1%: a produção de açúcar caiu de 20,86 para 19,87 milhões de toneladas e a de álcool subiu de 12,41 para 14,41 bilhões de litros.
Apesar das condições favoráveis de moagem, a qualidade da matéria-prima na safra 2007/08 é inferior em 2,8% em relação à 06/07. No acumulado da safra, a qualidade continua inferior em 3,7%.
As vendas de etanol das unidades industriais para o mercado interno – no acumulado da safra 07/08 (abril/setembro) – registram um aumento de 29,9% em relação ao mesmo período anterior: de 5,835 bilhões de litros para 7,579 bilhões de litros. Apesar das vendas do mês de setembro serem inferiores às do mês de agosto em 5,5%, o volume supera em 26,9% o mesmo mês da safra anterior.
No período de abril/setembro, as vendas de açúcar e etanol para o exterior continuaram aquecidas com um crescimento na ordem de 16,4% para o açúcar e de 9,2% para o álcool em relação ao mesmo período anterior. No entanto, o crescimento físico das exportações contrasta com redução significativa da receita, em virtude de preço médio mais baixo e da taxa de câmbio.
No mercado interno, os preços de açúcar e etanol ao produtor também apresentam performance inferior. No etanol (álcool), os preços de setembro estiveram em R$ 0,581/l contra 0,756/l em setembro passado e no acumulado da safra a queda atingiu 24,3%, de R$ 0,873/l (abril/setembro de 2006) para R$ 0,661/l (abril/setembro de 2007). Essa queda de preços tem incrementado o mercado interno de etanol e tem possibilitado uma situação na qual o etanol se encontra competitivo com a gasolina em 98,9% do mercado nacional, numa paridade de preços inferior a 70%. No Estado de São Paulo, responsável por 60% da demanda nacional de etanol, essa paridade tem se situado inferior a 50% (metade do preço da gasolina) desde a segunda quinzena de julho.
O crescimento de mercado interno de etanol é reflexo de uma demanda aquecida, particularmente no que diz respeito ao uso do produto nos carros flex, mas deve ser visto com reservas, uma vez que é resultado de um nível de preços que não remunera a atividade.