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Cogeração pode chegar a 7 mil megawatts em 2012

O setor sucroalcooleiro brasileiro poderá ter em 2012 potencial para vender o equivalente a 7 mil megawatts (MW) de energia elétrica, considerando os projetos de novas usinas que estão em andamento, afirmou ontem o diretor da consultoria especializada em energia PSR, Mário Veiga#. Segundo projeção da PSR, com um crescimento no Produto Interno Bruto (PIB) de 4%, seria necessário instalar cerca de 3 mil MW médios de energia firme por ano partir de 2011.

“As perspectivas para a bioenergia são cada vez melhores e mais concretas. O número (de 7 mil MW) é absolutamente viável”, afirmou Veiga. Atualmente, o Brasil tem capacidade total instalada para gerar 97 mil MW. Ele acrescentou que fontes concorrentes de energia enfrentam problemas, como a dificuldade para obter licença ambiental para as hidrelétricas, além da alta no preço do gás natural.

Existem hoje 77 projetos de novas usinas em diferentes fases, segundo a consultoria Canaplan, devendo garantir uma ampliação expressiva da produção brasileira de cana. Algumas projeções apontam para até 1 bilhão de toneladas em 2020, ante as atuais 400 millhões toneladas. Como cada milhão de toneladas de cana é suficiente para gerar 10 MW médios de energia firme excedente, tal expansão significaria uma capacidade adicional de 6 mil MW médios.

As usinas comercializam hoje o equivalente a 1.600 MW, dos quais 1 mil foram contratados em leilões de 2005 e 2006. Veiga afirmou que dos 7 mil MW, 5 mil referem-se à capacidade de novas caldeiras e o restante provém de equipamentos já existentes nas unidades.

O consultor disse que iniciativas recentes do governo, como a regulamentação da venda direta de energia da biomassa para consumidores livres, demonstram a abertura cada vez maior que o governo está dando para este tipo de energia. Outra medida de apoio é o recente anúncio do leilão exclusivo para energia renovável, que será realizado em maio, horas antes do leilão de energia nova.

Ele explicou que as usinas poderão optar por deixar o primeiro leilão se considerarem que as ofertas estão muito baixas e tentar o leilão que ocorre em seguida. “O governo está fazendo isso porque sabe que a bioeletricidade é a mais barata que existe… ele quer estimular esse tipo de energia”, disse.

Em relação à venda direta para consumidores com demanda superior a 500 KW, o consultor afirmou que a regulamentação, publicada recentemente, deve estimular novos negócios nesses moldes. Supermercados, de postos de combustíveis e aeroportos, segundo ele, já estão negociando contratos com usinas. O benefício para o consumidor nesses casos é um desconto de 50% na tarifa de transmissão.