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Coco é alternativa à cana e à laranja

Cansados das idas e vindas dos preços da laranja e da cana, muitos agricultores paulistas desistiram dessas culturas para se aventurar em outras atividades produtivas rurais. Uma alternativa foi o plantio de coqueirais. A mudança alterou a paisagem de municípios do norte e noroeste do estado. Mas não ajudou a melhorar a renda da maioria desses novos produtores de coco. Para o pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (Apta), José Antônio Alberto Silva, o desempenho da produção é positivo, o que, no entanto, não corresponde ao resultado financeiro.

A água de coco vem ganhando bom apelo comercial nos grandes centros de consumo. Compete com vantagem com as bebidas isotônicas. Não contém aditivos químicos, nem conservantes. Perde, porém, em preço, quando é pasteurizado ou filtrado para ser embalado. Em São Paulo, não há indústrias equipadas para acondicionar a água de coco. A venda do produto “in natura”, por sua vez, enfrenta dificuldades. O tamanho exagerado da fruta encarece o frete. Outro inconveniente é o lixo que acumula nos grandes centros urbanos. Não há infra-estrutura para que a fibra seja triturada e transformada em adubo, lembra, Silva.

Sem um mercado organizado, a saída para os produtores foi a informalidade. A maioria é obrigada a comercializar a produção com a ajuda de ambulantes. O pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Luiz Teixeira, acredita que a produção paulista de coco seja pelo menos 16 vezes maior do que é comercializado na Ceagesp, o que compromete a renda dos agricultores.

Mesmo assim, a produção paulista não pára de crescer. Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cujos dados mais recentes são de 2003, indica expansão acelerada. Em dez anos, a área de plantio aumentou 26 vezes e a produção, 89 vezes. O bom resultado da produção deve-se aos tratos culturais.

Segundo Teixeira, a planta não suporta frio. O seu desenvolvimento depende de boa disponibilidade de água para irrigação e ainda mais de adubação com base em cloreto de potássio. Qualidade das mudas e o manejo do solo também são importantes para o crescimento do coqueiro, afirma. O início da produção se dá entre quatro e sete anos dependendo da variedade da planta. Com o coqueiro anão, as primeiras frutas já são colhidas no terceiro ano após o plantio.

Os coqueirais começaram a ser cultivados com maior freqüência em São Paulo a partir de 1996, quando as relações entre produtores de laranja e de cana e a indústria começaram a se deteriorar. A saída para alguns foi partir para a fruticultura. A expectativa era de garantir maior rentabilidade com uma produção diversificada. Nem todos tiveram sucesso. Segundo pesquisador da Apta, a produção de frutas exige mão-de-obra intensiva e qualificada, e investimentos elevados em tratos culturais.