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CNA estima superávit de US$ 30 bi

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresentou na quinta-feira em Brasília seu balanço do comércio exterior do agronegócio no primeiro semestre e as perspectivas para 2004. Os números mostram um crescimento das exportações de 42,6% nos primeiros seis meses do ano em relação ao mesmo período de 2003. E o superávit setorial de US$ 16,084 bilhões verificado no intervalo foi mais uma vez superior ao saldo da balança comercial do país, que ficou em US$ 15,049 bilhões. A previsão é que os embarques do campo resultem em saldo de US$ 30 bilhões em 2004.

Além de garantir o superávit da balança brasileira, os agronegócios também avançaram no comércio exterior do país: chegaram a 43% dos valores negociados, ante 41,5% em 2003. Foram exportados US$ 18,496 bilhões e importados US$ 2,412 bilhões no período. A expectativa da CNA é de embarques de US$ 35 bilhões e importações de US$ 5 bilhões no ano, resultando em superávit recorde de US$ 30 bilhões em 2004, valor 21% maior que o do ano passado.

A análise da CNA indica que o aumento das exportações continuou em ritmo de “crescimento chinês”, apesar dos problemas enfrentados no ano. “A restrição à soja na China e o problema da aftosa no rebanho do Pará não chegaram a afetar nosso comércio de forma significativa”, afirma Antonio Donizeti Beraldo, chefe do departamento de Comércio Exterior (Decex) da CNA. “Mantemos nossa expectativa de vender US$ 5 bilhões neste ano em carnes, ante US$ 4 bilhões em 2003”, adiantou ele.

Para a soja, a atual perspectiva é mais comedida: venda de US$ 10 bilhões no ano, ante a expectativa de US$ 12 bilhões que vigorava em janeiro. “O número ainda será superior aos US$ 8 bilhões negociados em 2003 e a quebra da expectativa está ligada mais à redução da safra do que à restrição chinesa”. Ao invés de se colher 60 milhões de toneladas de grãos de soja com se previa, o país colherá 49 milhões, graças a problemas climáticos e à ferrugem asiática.

Também chama a atenção a diversificação da pauta. “Estamos exportando produtos que até pouco tempo atrás importávamos”. Beraldo cita os casos do trigo – o Brasil há quatro anos era o maior importador mundial e já exportou US$ 400 milhões neste ano -, e do milho, que gerou vendas de US$ 420 milhões no semestre, 217% mais que no mesmo período de 2003. Com o algodão, o Brasil passou de 2º maior importador global nos anos 90 para o 3º maior exportador em 2004, com vendas de US$ 507 milhões até junho.