Há três anos, de cada 100 carros vendidos no Brasil, 4 exibiam o emblema da Renault. Hoje, a proporção é 31% menor. Para reverter essa sangria nas vendas, a fábrica investirá. “Queremos reconquistar o espaço que já tivemos”, afirma Antonio Megale, diretor de marketing da montadora.
A estratégia contempla a produção do Logan -que deve custar R$ 17 mil- e da segunda geração do Mégane Sedan. Mas a urgência era dar mais oxigênio ao Clio. Por isso os engenheiros criaram um motor 1.0 16V bicombustível, e os designers copiaram do Clio francês a repaginada no visual.
A equipe técnica correu para que a Renault fosse a quarta montadora a vender um motor 1.0 flexível, um item importante para quem compra um “popular”. Afinal, o álcool gera economia na hora de abastecer. Porém o propulsor 1.0 16V de 76 cv (cavalos) não teve a taxa de compressão aumentada e, com o combustível alternativo, ganhou apenas 1 cv.
O aumento do torque (força) também foi pífio, passando de 10 kgfm para 10,2 kgfm. Mas a fábrica diz que o cliente que busca o motor bicombustível prefere gastar menos no posto a ter um desempenho melhor.
Mais retoques
Das pranchetas surgiu um compacto com pará-choque 4 cm maior. Além disso, a grade abandonou o estilo colméia e adotou três filetes horizontais. A maquiagem nos faróis foi menor -eles ganharam novas máscaras cinzas.
Na traseira, a principal mudança fica por conta do vinco em “V” na parte central do porta-malas. A fim de deixar o visual mais limpo, os designers da Renault rebaixaram o posicionamento da placa, que foi transferida para o pára-choque. Com isso, surgiu mais espaço para o “espichamento” do logotipo, onde, aliás, foi colocado o botão de abertura do bagageiro.
Por dentro, a principal crítica dos consumidores foi solucionada. Os comandos dos vidros elétricos migraram do console central para as portas. Para não ficar mais cara, a versão 1.0 de oito válvulas não terá essa alteração.
Ao dirigi-lo, percebe-se outra transformação. O volante também foi modificado -mas só o que abriga o airbag. Ficou maior e com melhor empunhadura. O painel de instrumentos ganhou nova grafia, e as maçanetas agora são cromadas. O sedã recebeu todas as mudanças do hatchback.
A estratégia de recuperar as vendas do Clio, porém, não se restringe a isso. A marca reduziu em 2,1% o preço da versão de entrada com 16V, que passa a ser vendida por R$ 29,6 mil. Essa mesma opção, com quatro portas, custa R$ 31 mil -queda de R$ 570. Na tabela, o sedã parte de R$ 33.550.
As demais versões tiveram seus valores reajustados em cerca de 1%. O Clio hatch com todas as novidades da linha 2006 tem preço inicial de R$ 28,1 mil. Mesmo assim, a Renault prevê que o novo motor tenha força para aumentar em 10% as vendas no próximo ano, abocanhando mais da metade dos emplacamentos do compacto.