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Clima tende a ajudar produção e moagem de cana no Centro-Sul

Chuvas estão abrindo novas frentes de colheita
Chuvas estão abrindo novas frentes de colheita

Depois de dois anos de verões extremamente quentes e secos, tem muita gente estranhando as chuvas e frentes frias que estão chegando aos Estados do Centro-Sul nos últimos meses. Mas os meteorologistas garantem que esse clima está dentro da normalidade e que as previsões indicam um comportamento dentro da média na região, o que não deve representar riscos para quem produz e processa cana.

De acordo com Paulo Etchichury, sócio da Somar Meteorologia, a previsão é que esse padrão de chuvas frequentes combinadas com frentes frias continue ao longo do verão. Haverá períodos secos, mas que não ameaçam criar uma situação de estresse hídrico para os canaviais.

“Terá chuva sem estresse hídrico, alternando com boa variação solar e luminosidade, o que é fundamental para essa fase de desenvolvimento vegetativo da cana”, afirmou. O meteorologista disse que o comportamento climático em novembro foi um bom exemplo desse padrão: ocorreram três episódios de chuva bem delimitados, cada um intercalado por períodos secos.

Se as previsões se confirmarem, as chuvas deverão se estender até março e diminuirão gradualmente a partir de abril. Para as usinas que planejam antecipar a moagem de cana da safra 2017/18 para março, as precipitações podem representar um entrave. Porém, as indicações fornecidas pelas empresas até o momento é que as atividades da nova temporada começarão em abril.

Essa condição mais chuvosa deve estar presente em todo o Centro-Sul, favorecendo áreas que neste ano foram prejudicadas por um clima mais seco no início da temporada – como em Minas Gerais e Goiás, onde foram registradas quebras nos índices de produtividade agrícola, afirmou Etchichury.

A maior parte das agências meteorológicas ao redor do mundo avaliam que as condições atuais já indicam a presença do fenômeno La Niña, mas de intensidade fraca, o que provoca poucas alterações no regime de chuvas no país, segundo o meteorologista da Somar. A única diferença que pode haver é a ocorrência de períodos com temperaturas menos elevadas, alternados com períodos mais quentes.

Para a produção de cana, porém, essa variação de temperaturas “não é limitante”, já que, nas áreas canavieiras a oscilação é menos sensível do que nas capitais.

As perspectivas de que o La Niña vai se enfraquecer e suas condições desaparecerão ao longo do primeiro semestre, mas as águas mais frias que a média na superfície tropical do Oceano Pacífico podem favorecer a ocorrência de episódios isolados de chuva durante o outono e o início do inverno, segundo Etchichury.

Ele ressaltou que ainda é cedo para fazer previsões para esse período, mas a perspectiva de um tempo mais frio e úmido pode indicar que haverá interrupções na moagem de cana ao longo da safra. “Também é comum nessa situação observar ondas de frio e risco de geadas nas áreas produtoras mais ao sul”, afirmou.

As informações são do Valor.