Mercado

Clima reduz produtividade da safra

O excesso de chuvas nas lavouras de cana-de-açúcar do Estado vem alterando a rotina da colheita no campo, reduzindo a produtividade nas usinas e contribuindo para que os preços se mantenham nos patamares atuais, sem previsão de queda para os próximos meses. Os trabalhos no campo em 2009 estão em ritmo de fim de temporada.

De acordo com o superintendente do Sindicato das Indústrias sucroalcooleiras (Sindálcool), Jorge dos Santos com o excesso de chuva a cana retém água, fazendo com que seja necessário um volume maior na moagem para produção de açúcar e álcool. “Hoje o rendimento da cana chega a 60%, o que significa que uma tonelada de cana rende 50 litros de álcool, quando o normal seria render 65 litros. Na verdade podemos dizer que estamos moendo água e não cana”, avalia.

O superintendente do Sindálcool diz que nas con! dições atuais o trabalho no campo também está comprometido. Na colheita o trabalho é em tempo integral, 24 horas. Com as chuvas, segundo ele, isso não é possível, já que muitas vezes é necessário esperar de dois a três dias, até a secagem do solo para colher a cana.

Apesar da queda na produtividade, o estoque de álcool no Estado pode ser considerado bom e não deve comprometer o abastecimento, mesmo porque Mato Grosso consome menos do que produz. Os números mostram que a demanda local chega a 380 milhões de litros/ano, enquanto que a produção é de 550 milhões de litros.

A expectativa é que as 11 plantas em funcionamento no Estado deverão encerrar o ano com quase 14 milhões de toneladas de cana-de-açúcar esmagadas, gerando uma produção de aproximadamente 850 milhões de litros de etanol – 600 milhões de litros de álcool hidratado [combustível] e, 250 milhões de litros, anidro (utilizado na mistura com a gasolina). No ano passado a produção total chegou a 900 milhões de litros.

2010 – As perspectivas para a safra 2010, de acordo com Jorge dos Santos são boas. “Choveu no momento certo e os estudos mostram que no final de fevereiro o período chuvoso deve cessar. Isso significa que teremos cana de boa qualidade e em boa quantidade”. Ele revela, ainda, que com o fim do período de chuvas em fevereiro, a colheita da nova safra deverá ser antecipada, tendo início já na segunda quinzena de março, quando o normal seria iniciar os trabalhos em abril.

ANÁLISE – O preço do álcool nas bombas hoje varia entre R$ 1,58 e R$ 1,59 o litro, e embora não seja um ‘céu de Brigadeiro’ para o consumidor, também não é motivo de comemoração para a indústria sucroalcooleira, já que o preço em alta gera retração no consumo. Jorge dos Santos assegura que o ideal seria se esse preço fosse para recuperação do setor. No entanto, ele apenas reflete aumento do custo de produção e não aumento da remuneração à indústria/produtor.