Produção nacional de milho safrinha já está avançada; no Paraná, precipitação favorece cana e café. Apesar das chuvas registradas em várias regiões do Centro-Sul no fim de semana, as lavouras de milho safrinha e parte das de trigo não foram beneficiadas. As chuvas chegaram tarde, pois o desenvolvimento do milho está adiantado em boa parte das regiões produtoras, e a colheita já está em andamento no Centro-Oeste. Em alguns estados, as chuvas favorecem cana-de-açúcar, café e trigo.
No Mato Grosso do Sul, as chuvas do sábado, após mais de 30 dias de estiagem, beneficiaram as lavouras de trigo, que está nas fases de espigamento e formação de grãos, mas não tiveram efeito sobre o milho safrinha, pois parte das lavouras já foi colhida e outra parcela está em amadurecimento.
O vice-presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso do Sul (Famasul), Ari Basso, diz que o milho plantado tardiamente no estado foi o mais prejudicado pela estiagem. Basso, que também é produtor, conta que a produtividade de milho das lavouras que plantou em fevereiro foi de 70 sacas por hectare, enquanto a produtividade esperada para as lavouras semeadas em abril é de 40 a 45 hectares. A produtividade de trigo deve ser de 25 sacas por hectare, 37% menor que a estimada inicialmente.
No Mato Grosso, praticamente, não choveu nos últimos dias, situação considerada normal pelos produtores. Em Goiás, também não choveu recentemente. “Para o milho safrinha, a chuva não faz diferença, pois o grão está maduro”, diz o assessor da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Pedro Arantes. Já o trigo não se beneficia da chuva por ser irrigado.
No Paraná, as chuvas de sexta-feira e do sábado interromperam quase 50 dias sem chuvas, mas não há possibilidade de recuperação de parte da quebra nas safras de trigo e de milho safrinha. Segundo o Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura (Deral), a safra de trigo do estado será de 1,79 milhão de toneladas, 35% a menos que a anterior. Essa quebra pode, porém, ter se acentuado.
A região de Londrina inicia a colheita esta semana, e a expectativa é que a produção caia 40%, para 134,14 mil toneladas. No norte, noroeste e oeste do Paraná, as chuvas da sexta-feira totalizaram 13 milímetros e, do sábado, 4 milímetros. Foram mal-distribuídas, com boa intensidade em alguns municípios e quase nada em outros.
Culturas beneficiadas no PR
Para alguns produtos, a estiagem trouxe benefícios. O tempo seco até o fim de julho auxiliou o café e a cana, atuais vedetes do agronegócio paranaense, que tiveram aumento de produtividade de 25% e 50%, respectivamente, nesta safra, e se beneficiam da maior qualidade do produto com a escassez de água. A produção de café deve ser de 2,16 milhões de sacas e a de cana, de 35 milhões de toneladas.
No caso da cana, a seca ajudou as plantas com o ciclo completo a melhorar os níveis de Açúcares Redutores Totais (ATRs). “Até o momento, houve aumento de 3,6% no ATR da cana, o que ainda garante uma elevada vantagem na produtividade”, diz o superintendente da Associação dos Produtores de Açúcar e Álcool do Estado do Paraná (Alcopar), José Adriano da Silva Dias.