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Chuva causa estragos, mas não é suficiente para encher hidrelétricas

Apesar dos temporais, choveu menos do que o esperado nesse início do ano e as usinas térmicas já foram acionadas. Essa energia é mais cara, porque essas usinas usam carvão, óleo combustível e gás natural para produzir energia.

O Brasil tem uma vantagem em relação a outros países: a quantidade de rios, bacias hidrográficas, mas o problema é que, mesmo com as trombas d´água que têm provocado transtornos para moradores de várias cidades, tem chovido pouco no Centro-Oeste e no Sudeste, onde ficam os grandes reservatórios.

São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal: janeiro trouxe notícias de enchentes, estragos e mortes causados pela chuva. O que surpreende é que, na verdade, choveu menos do que o esperado para o mês.

“Esse mês foi caracterizado por um déficit de chuvas em boa parte do Brasil, principalmente no Brasil Central, Sudeste, Centro-Oeste e boa parte da região Nordeste”, afirma o meteorologista do Inmet Fabrício Daniel Silva.

Culpa, explica o meteorologista, de um sistema sobre o Oceano Atlântico que, este ano, inibiu a formação de nuvens. Menos chuva, menos água acumulada nas hidrelétricas.

O nível nos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste, maiores produtoras de energia, está em 41,42%. Já os reservatórios do Nordeste, segunda maior geradora, estão em 42,59%. No Norte, situação um pouco melhor: 57,85% da capacidade. E no Sul, 61,54%.

Para compensar o déficit de janeiro, o ideal seria que nos próximos meses chovesse acima do esperado, mas isso não deve ocorrer. De acordo com a previsão da meteorologia, em fevereiro, março e abril as chuvas devem ficam dentro da normalidade e, em parte da região Sul e parte da região Nordeste, elas podem até ficar abaixo do normal. “Não seria a previsão mais animadora, digamos, para o setor de recursos hídricos”, ressalta o meteorologista.

De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética, do Ministério de Minas e Energia, os níveis dos reservatórios estão acima do que estavam no mesmo período no ano passado. Isso porque as termelétricas foram acionadas.

Ainda segundo a empresa, não existe risco de racionamento, nem dá para falar, por enquanto, em aumento da tarifa de energia. “Estamos ainda no início do período chuvoso, ainda tem até abril a possibilidade de chover bastante. Portanto a gente tem que aguardar que eventualmente as térmicas serão desligadas e a gente poderá, com as chuvas, passar a aumentar o nível dos reservatórios e gerar o que é necessário”, afirma o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim.

Os meteorologistas lembram que para complicar o calor aumenta a evaporação nos reservatórios e deixa a terra seca, que retém mais água.