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Chirac inicia amanhã visita ao País

Entre os temas que serão discutidos estão defesa, educação, energia e comércio bilateral. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega francês Jacques Chirac assinarão, na quinta-feira, em Brasília, acordos de cooperação nas áreas de defesa, energia, educação, cooperação diplomática, combate à fome e à pobreza e promoção à pesquisa científica e acadêmica.

A visita oficial de Chirac ao Brasil acontece 10 meses depois da ida do presidente Lula à França e é a primeira desde 1999. O presidente francês virá acompanhado dos ministros de Relações Exteriores, Defesa, Economia e Finanças, Educação e Indústria, de dois parlamentares, e de uma missão de aproximadamente 20 empresários. A expectativa é de que contratos sejam fechados entre esses empresários e executivos de companhias brasileiras.

Chirac desembarca amanhã em Brasília. Na manhã seguinte, visita o Supremo Tribunal Federal (STF). Em seguida, tem uma reunião de trabalho com o presidente Lula no Palácio do Alvorada. À tarde, a delegação francesa vai ao Congresso.

Os presidentes Chirac e Lula assinarão um documento que classificará de forma oficial as relações entre os dois países como uma “parceria estratégica”. O subsecretário-geral político do Itamaraty, embaixador Antonio de Aguiar Patriota, explica que a cerimônia marcará o avanço nas relações bilaterais. “Há um avanço qualitativo e quantitativo nas relações Brasil-França. Estamos carimbando com um título algo que já estava ocorrendo. Nos últimos três anos, as relações se intensificaram muito”, afirma.

Como exemplos, o diplomata citou a parceria dos países no combate à fome e à pobreza e no apoio da França à ampliação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), do qual o Brasil quer ser um integrante permanente.

Outros acordos que serão assinados têm como finalidade criar mecanismos de aproximação entre as chancelarias e o intercâmbio de diplomatas, a promoção do combate à fome, a cooperação no Haiti, a pesquisa tecnológica e acadêmica e a aproximação entre Brasil e Guiana Francesa por meio do fim da exigência de vistos para diplomatas e funcionários do governo em missões oficiais. O documento também viabilizará a intensificação da cooperação na área de Defesa, nos segmentos de pesquisa e desenvolvimento, logística, intercâmbio de oficiais e colaboração em operações de paz da ONU.

Energia também será um tema da agenda do encontro. Um acordo será assinado para viabilizar projetos no segmento de biocombustíveis a fim de beneficiar países mais pobres. Será discutida a criação de um fundo para apoiar o desenvolvimento de energias renováveis nesses Estados. Além disso, a energia nuclear também deverá ser um tema abordado pelos integrantes da delegação francesa. A França tem experiência no uso da energia nuclear e acompanha de perto o processo de definição sobre a construção da usina de Angra 3. De acordo com Patriota, se o governo se decidir pela construção de novas usinas nucleares, a França figuraria entre os principais parceiros potenciais do País.

Cerca de 20 empresários dos setores financeiros, aeronáutico, de alimentos, infra-estrutura e energia acompanharão o presidente Chirac. Segundo o Itamaraty, está confirmada a assinatura de uma parceria entre a Embraer e a francesa Dassault para a implementação, no Brasil, de uma fábrica de fuselagens de helicópteros. Procurada, a Embraer não comentou a informação.

Outros assuntos que constam na pauta são comércio, a situação no Oriente Médio e a conjuntura da América Latina e da Europa. O presidente Lula deve defender o equilíbrio da balança comercial entre os dois países – atualmente desfavorável ao Brasil – e a diversificação da pauta brasileira de exportações, predominantemente de produtos primários.

Sobre os temas regionais, os presidentes Lula e Chirac podem discutir a Bolívia e questões relacionadas à União Européia, como o referendo sobre a independência de Montenegro e o ingresso da Turquia no bloco.

kicker: A expectativa é que sejam formalizados acordos entre alguns dos 20 empresários franceses da comitiva e executivos brasileiros