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Chineses avaliam políticas de crédito rural do Brasil

Os projetos de redução da pobreza no campo e as políticas de financiamento da produção adotadas pelo Brasil atraíram a atenção da China, que está em busca de modelos de gestão em agricultura que se adaptem ao processo gradual de liberação implementado em sua economia. Interessado no modelo brasileiro, o governo chinês enviou ao Brasil uma delegação, chefiada pelo vice-presidente do Banco de Desenvolvimento Agrícola da China (ADBC), Wei Shiwu, para conhecer o sistema nacional de crédito rural e os programas brasileiros de combate à pobreza no campo.

A equipe visitou o Ministério da Agricultura e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para conhecer como o Brasil incentiva o desenvolvimento da agricultura e como executa a aquisição e estocagem de produtos. O ADBC é responsável pela aquisição dos grãos que formam estoques estratégicos na China. Por ano, 220 milhões de toneladas de grãos, quase a metade da safra daquele país, passam pelos armazéns e silos do banco.

Para o presidente da Conab, Luís Carlos Pinto, a reestruturação dos estoques estratégicos, esgotados nos oito anos do governo Fernando Henrique, é uma das diretrizes da política agrícola do atual governo. “A prioridade será a formação de estoques de produtos básicos, como milho, sorgo, arroz, feijão e trigo.”

O representante do ADBC disse que a agricultura chinesa, muito regulado pelo Estado, enfrenta graves problemas com a pobreza no campo. Shiwu disse que 60 milhões de trabalhadores rurais chineses estão situados abaixo da linha da pobreza. “A tendência é que o processo de abertura comercial se amplie no setor agrícola.” Ele citou, por exemplo, a necessidade de o país importar 20 milhões de toneladas de soja por ano e disse que o Brasil poderia ser grande parceiro comercial.

A preocupação do governo chinês é sobre como promover essa abertura mantendo protegido esse contingente de agricultores economicamente fragilizados. Daí o interesse da delegação em conhecer estratégias de combate à pobreza rural que sejam adequadas à gradual liberalização da economia chinesa.

A equipe se reuniu com representantes do Banco do Brasil, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste e BNDES, e técnicos do Ministério da Agricultura, para falar sobre o funcionamento do sistema nacional de crédito rural. E também buscar parcerias para financiamentos e conhecer iniciativas como o Programa de Aquisição de Alimentos, administrado pela companhia em conjunto com os ministérios do Desenvolvimento Agrário e de Segurança Alimentar e Combate à Fome, por meio do qual o governo compra dos pequenos agricultores produtos a preços de mercado, podendo efetuar o pagamento antes de plantio.