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China vai adotar novo limite de consumo de energia

No final do ano passado, o governo chinês deliberadamente desativou termoelétricas durante dias, deixando milhares de pessoas às escuras, para conseguir cumprir as metas assumidas em 2006. Esse episódio, que chamou atenção em todo o mundo, demonstra como os objetivos dos planos de cinco anos são levados a sério na China.

Por isso, quando nesta quinta-feira (3) foram divulgadas as novas metas de consumo de energia até 2015, ninguém teve dúvidas de que elas deverão ser cumpridas.

O limite de consumo eletricidade adotado prevê um teto de 4 bilhões de toneladas de carvão equivalente até 2015, o que permite apenas um crescimento de 4,24% por ano no consumo. Em 2010, cerca de 3,2 bilhões toneladas de carvão equivalente foram utilizadas.

“As tarefas de reduzir o uso de energia e de cortar emissões serão árduas. O plano vai demandar um avanço nas políticas de eficiência energética e na adoção de melhores tecnologias de carvão limpo, fontes renováveis e nucleares”, afirmou Zhang Guobao, ex-presidente da Administração Nacional de Energia, em entrevista para a agência estatal Xinhua.

O crescimento econômico chinês dos últimos anos foi alimentado pela expansão da geração de energia, com o país assumindo o primeiro lugar tanto em produção quanto em consumo de eletricidade.

O presidente Wen Jiabao declarou no final de fevereiro que o país não quer sacrificar o meio ambiente para se desenvolver. Essa seria uma das razões que a taxa de crescimento chinês seja controlada nos próximos cinco anos para não ultrapassar os 7% ao ano.

Wen disse ainda que as metas de redução de emissões continuarão as mesmas, projetando uma queda de 17% ao ano na intensidade de carbono por unidade do produto interno bruto (PIB). Em 2009, a China assumiu o compromisso de cortar suas emissões por intensidade de carbono em até 45% em 2020, com relação aos níveis de 2005.

Renováveis

Assim como um teto no consumo de eletricidade, o plano de cinco anos promete também maiores incentivos para o crescimento sustentável, com o aumento da participação das fontes limpas no mix energético para 11,4% até 2015.

Atualmente as energias renováveis respondem por apenas 8% da geração, enquanto o carvão é responsável por 70%, uma porcentagem muito maior que a média mundial de 40%.

“A China precisa se livrar da dependência dos combustíveis fósseis, por isso, fontes solares, eólicas, nucleares e de biomassa deverão contar com novas políticas de incentivos”, afirmou Zhang.

O investimento do gigante asiático em energias limpas já registrou um aumento de 30% no ano passado, chegando a US$ 5,11 bilhões. Segundo a Bloomberg New Energy Finance, essa quantia é de longe a maior entre todos os países.

Em setembro de 2010, a empresa de consultoria Ernst & Young anunciou que a China havia ultrapassado os Estados Unidos como maior pólo receptor de recursos para projetos de energia renovável.

Todos esses investimentos se refletem em capacidade instalada. A China já conta com 41 milhões de Kilowatts (KW) em geração eólica, a maior do planeta.

O plano de cinco anos chinês deverá ser formalmente aprovado pelo Congresso na sua próxima sessão anual, que começa neste sábado.