O apetite da China por commodities baratas mostrou sinais de que não se enfraqueceu nesta segunda-feira, com entidades governamentais se preparando para comprar alumínio, milho e açúcar e uma estatal fazendo proposta por uma mineradora de zinco australiana.
A demanda da China foi um dos principais fatores por trás do recente boom das commodities e, agora que os preços estão longe de suas máximas, o governo está fazendo estoques de materiais estrategicamente importantes.
O governo também está adquirindo o excedente das safras locais para garantir que os produtores – peças-chave para garantir a estabilidade rural – não sofram com a queda dos preços dos alimentos.
O governo ainda está dando seu apoio para uma série de fusões e aquisições por empresas de metais, sendo que muitas estão vendo suas rivais estrangeiras enfrentar problemas com dívidas e mercados em colapso.
Na semana passada o conglomerado de metais Chinalco apresentou um acordo de US$ 19,5 bilhões com a Rio Tinto e na segunda-feira a trading chinesa Minmetals fechou negócio de US$ 1,7 bilhão para ficar com a segunda maior mineradora de zinco do mundo, a Oz Minerals Ltd.
Compras
O escritório estatal de estoques da China (SRB) já adquiriu metais como zinco e alumínio nos últimos meses e pode comprar mais 300 mil t em março, disseram autoridades e traders nesta segunda-feira.
“O SRB pode comprar 300 mil a 500 mil toneladas em março e outras 300 mil a 400 mil toneladas em maio”, disse uma autoridade de uma usina.
Isso mais do que dobraria as 290 mil t que comprou de oito usinas em dezembro, medida que ajudou a elevar os preços do alumínio em Xangai acima dos de Londres pela primeira vez em pelo menos três anos – apesar de a demanda chinesa ter caído.
A China também já comprou soja, trigo, milho, açúcar e arroz para suas reservas e planeja adquirir mais 10 milhões de t de milho em áreas da região nordeste do país, disseram traders na segunda-feira, elevando as compras de milho para 40 milhões de t, ou 24% da estimativa de produção.
A principal região produtora de açúcar, a província de Guangxi, também comprará 400 mil t de açúcar branco para elevar os preços domésticos e ajudar os produtores, de acordo com uma associação do setor.
Com os planos de Pequim de comprar 800 mil t de açúcar, isso eleva as aquisições do governo para 8% da produção esperada da China. Mas isso não deve provocar importações já que o governo está oferecendo menos do que os preços futuros do açúcar branco em Zhengzhou, que estão abaixo do mercado global.
“As importações são caras. Os preços internacionais podem subir mais na expectativa de um déficit e de importações indianas”, disse Tao Qiujun, analista da bolsa de açúcar de Guangxi.
Nem as compras de milho por Pequim vão levar a um grande influxo do grão, apesar de o preço de Pequim de 1.500 yuan (US$ 219,3) por tonelada estar bem acima do do milho americano vendido à Coréia do Sul por US$ 201,95 a US$ 203,95 por tonelada na semana passada.
Diferente da soja e da colza, que a China precisa importar para atender à demanda local, existe pouca necessidade de adquirir milho no exterior. Pequim também está avaliando comprar milho em regiões do norte que sofrem a pior seca em décadas.