Mercado

Cetesb aprova estrutura de contenção de resíduos

Milhares de peixes de várias espécies boiaram mortos na madrugada de 1º de outubro ao longo do rio Pardo, nas proximidades de Serrana e Ribeirão Preto (SP). A mortandade foi provocada pela mistura de melaço de cana à água do rio, depois que o muro de concreto de um reservatório da Usina da Pedra (Serrana) rompeu. O acidente custou à usina uma multada de R$ 10 milhões imposta pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), e ainda outra multa de R$ 114.900,00 lavrada pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental). O melaço é um subproduto da fabricação de açúcar e matéria-prima na fabricação de álcool combustível

Em nota oficial, a empresa disse ter ficado surpresa com o alto valor da punição e alega que o dano provocado no meio ambiente foi menor do que o avaliado pelas autoridades. Na nota, a empresa informa ainda que vai buscar ajuda de órgãos especializados para repovoar o Rio Pardo e o Rio Grande. O processo foi encaminhado para o departamento jurídico da empresa, a fim de decidir o que deverá ser feito, mas já está decidido o repovoamento dos rios atingidos com alevinos de espécies diversas de peixes. No momento do acidente, estavam armazenados cerca de 8 milhões de litros de melaço e uma parte atingiu o rio. Além de causar a mortandade de milhares de peixes, o vazamento também prejudicou o abastecimento de água no município de Colômbia.

O gerente da Cetesb na região de Ribeirão Preto, Otávio Okano, considerou o caso como uma fatalidade, pois o reservatório de melaço fica distante mais de 300 metros do rio Pardo (a distância mínima exigida é de 200 metros) e está acima do nível da unidade produtora. Na opinião do gerente da

Cetesb, no Estado de São Paulo já é passado o tempo de críticas ao setor em função de poluição e degradação do meio ambiente. Se há uma década o órgão estadual registrava anualmente em média 70 autuações de usinas por infrações ambientais na região de Ribeirão Preto, esse número agora esta resumido a 5 registros por safra.

O gerente da Cetesb afirma que “o setor, no Estado de São Paulo, é ambientalmente correto, e vem implantando programas que estão acabando definitivamente com prejuízos provocados ao meio ambiente”. Segundo ele, o acidente na Usina da Pedra foi o primeiro do gênero nos 20 anos em que trabalha na região. “É um único tanque em concreto em toda região ribeirãopretana, já que todas as demais usinas implantaram tanques de aço inox e os projetos, assim como na Usina da Pedra, tiveram aprovação da Cetesb”, acrescenta Okano.

Na Usina São João, em Araras (região de Campinas), o gerente industrial José Ieda Neto confirma as afirmações do gerente da Cestesb na região de Ribeirão Preto, ou seja, realmente a Usina da Pedra era a única, pelo menos no Estado de São Paulo, que vinha estocando melaço numa estrutura de concreto. Ele também considerou o acidente uma fatalidade, explicando que no caso da São João, como nas demais unidades produtoras paulistas, o melaço é armazenado em tanques de chapa de aço. “No ano passado, nossos dois tanques foram trocados para trabalharmos com segurança máxima, e a manutenção é permanente”, acrescentou Ieda Neto.

Em Catanduva, outra região de São Paulo, a Usina Cerradinho, apresenta instalações que confirmam a preocupação do setor com o meio ambiente. “Os tanques de estocagem de vinhaça só passaram a ser usados, a partir do ano 2.000, depois de um acordo com a Cetesb e o Ministério Público que se certificaram da segurança dos equipamentos”, afirma Sérgio Frassato, do Departamento de Manutenção Industrial.

Veja reportagem completa sobre a estrutura do setor para proteger o meio ambiente na edição deste mês do Jornal Cana.