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Certificação de cubículos de média tensão pode evitar acidentes

Cubículos de Média Tensão são equipamentos que podem se tornar muito perigosos e até fatais se não atenderem as normas de segurança definidas por lei. A certificação desse tipo de sistema, por onde passa grande potencial de energia, é fundamental para o funcionamento seguro, sem riscos aos operadores.

De acordo com o engenheiro Valdir Veloni, gerente regional ABB Ltda. Em Ribeirão Preto, SP, a falta de certificação aumenta o risco de acidentes e pode causar graves prejuízos em um sistema de distribuição de energia elétrica. Em entrevista ao JornalCana, Veloni fala sobre tais riscos e as normas para evitá-los.

JornalCana – Quais os riscos de um cúbiculo de média tensão não certificado?

Valdir Veloni – Arcos elétricos internos em cubículos, por exemplo, são muito perigosos e sempre causam destruição. Tais falhas devem ser evitadas e seus efeitos controlados por cubículos criteriosamente projetados, segundo normas técnicas mundiais. Todos os cubículos estão sujeitos a falhas ou invasão de animais em seus interiores, porém os não certificados podem sofrer danos irreparáveis. Pode haver arremesso de grande quantidade de gases e materiais metálicos extremamente quentes para fora do cubículo através de frestas ou aberturas causadas pela pressão interna ou pela fusão de partes do invólucro. Isso pode atingir diretamente o operador, causando queimaduras sérias e até a morte. Falhas também podem causar a abertura de portas, por conta da alta pressão interna, aumentando os riscos ao operador com altas tensões.

Além dos riscos aos operadores, tais falhas podem comprometer o sistema?

Sim. A destruição total do compartimento onde ocorre o arco, e de outras células do conjunto de manobra, causa interrupção no fornecimento de energia. Um arco interno em um cubículo não certificado é sem dúvida o pior, o mais perigoso e o que causa maiores prejuízos em um sistema de distribuição de energia elétrica. Seus efeitos são danosos e não podem ser ignorados.

O que diz a norma de certificação?

A Norma IEC 62271-200 possui premissas quanto aos testes de certificação. As portas do quadro devem permanecer fechadas e não deve ocorrer nenhuma abertura das chapas de cobertura. Qualquer parte do quadro, possível fonte de perigo para o ser humano, não deve ser removida ou lançada à distância. O invólucro externo do quadro não pode ser perfurado nas partes acessíveis ao ser humano. Os indicadores de tecido, verticais e horizontais, situados na parte externa do quadro não devem incendiar-se. Todas as conexões do quadro à terra devem permanecer eficientes.

A certificação permite um maior controle dos sistemas?

Como item impactante nos projetos de cogeração de energia, a certificação de cubículos de MT (média tensão) que atende as normas, agrega segurança e flexibilidade aos sistemas de distribuição de energia onde a automação dos relés de proteção está cada vez mais integrada ao universo C.O.I. (Operação em Sala de Controle). Por serem normas e protocolos universais, os projetos passam a ser elaborados de uma forma única, independente de fabricantes A ou B. A Norma IEC 61850, por exemplo, preenche todos os requisitos necessários para proteção, controle e automação dos sistemas de distribuição de energia.

Quais as inovações em equipamentos de ultima geração deste processo?

Com a aplicação de altas tecnologias de materiais e engenharia temos disponível no mercado cubículos de alta capacidade de corrente de curto circuito e também alta capacidade de corrente de alimentação com dimensões reduzidas, otimizando espaço nas casas de forças. Além das certificações de arco interno, temos maneiras praticas e simplificadas de detectar o “arco voltaico” antes que ocorra qualquer expansão de gases no interior do cubículo, preservando também os materiais e garantindo uma continuidade de serviços. Para isso utilizamos produtos de alta perfomance chamados de Relés de Detecção de Arco, baseados em sensores ópticos (fibra).