Mercado

Centro-sul produz 3% a mais de açúcar

As estimativas dos usineiros são de uma oferta de 19,1 milhões de toneladas para este ano. A produção brasileira de açúcar será ainda maior do que as previsões iniciais feitas pelas indústrias sucroalcooleiras. A estimativa agora é de que a oferta aumente 2,6% em comparação à safra anterior, enquanto as projeções feitas no início da safra apontavam aumento de no máximo 1%, segundo representantes do mercado.

Segundo previsões realizadas recentemente pela União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), somente na região Centro-Sul do Brasil a produção de açúcar está estimada em 19,1 milhões de toneladas, volume 6% superior ao projetado pela entidade no mês de junho. A produção de açúcar da safra 2002/03 somou 18,6 milhões de toneladas.

Consumo menor

O aumento, segundo produtores, reflete a redução do consumo de álcool no Brasil durante o primeiro semestre do ano. “Como o abastecimento de álcool está tranquilo no mercado interno, vamos destinar uma parcela maior de cana à produção de açúcar”, diz José Pessoa Queiroz Bisneto, presidente do Grupo J.Pessoa, que detém dez usinas de açúcar e álcool em diversas regiões do Brasil. Segundo cálculos do usineiro, o consumo de álcool no Brasil caiu 10% no primeiro semestre do ano.

Com a queda no consumo, as indústrias, que tinham se programado para produzir 12,5 bilhões de litros de álcool durante a safra 2003/04, devem produzir um volume 4% menor, ou seja, 12 bilhões de litros no período.

A estimativa inicial, de 12,5 bilhões de litros, foi sustentada por um acordo firmado entre o setor e o governo federal em fevereiro deste ano, pelo qual os usineiros se comprometiam a produzir 1,5 bilhão de litros a mais que o volume da safra passada, com o objetivo de evitar problemas de fornecimento, a exemplo do que ocorreu no segundo semestre do ano passado.

Por este, motivo a colheita da cana-de-açúcar, que historicamente começa em abril, foi antecipada em um mês este ano. Em contrapartida o governo federal se propôs a financiar a armazenagem da produção.

De fevereiro para cá, entretanto, os planos tanto do governo quanto das indústrias mudaram. A queda do consumo de álcool durante o primeiro semestre de 2003 aliada ao atraso na liberação da linha de financiamento por parte do governo (ver abaixo), fez com que os usineiros mudassem o destino da cana.

“Como o mercado de açúcar está comprador e a demanda de álcool foi menor que a esperado, algumas usinas optaram por produzir mais açúcar”, diz João Carlos de Figueiredo Ferraz, diretor da Cristalsev, empresa que comercializa a produção de 18 usinas.

Mercado externo

A produção de álcool da Cristalsev, por exemplo, deve somar 2,8 bilhões de litros, 7% inferior ao estimado no início da safra. Deste total, algo entre 150 milhões e 200 milhões de litros serão exportados. Já a produção de açúcar crescerá 16%, saltando de 1,8 milhão de toneladas, estimados no início, para 2,1 milhões de toneladas. Do volume total, 70% será destinado ao exterior.

O aumento das vendas de açúcar no exterior não devem provocar grandes oscilações nos preços, uma vez que as estimativas de oferta e demanda mundial estão se confirmando e devem se situar em uma oferta de 145 milhões de toneladas, para uma demanda de 144 milhões de toneladas.

O Grupo J. Pessoa vai produzir 450 milhões de litros de álcool, produção que segue o planejamento realizado no início da safra. A safra de açúcar, entretanto, será 11% maior, se situando em 450 mil toneladas de açúcar, em comparação com as 400 mil toneladas estimadas no início do período.

“Vamos vender mais no mercado interno”, diz Queiroz Bisneto. As vendas externas do grupo, estimadas em 300 mil de toneladas no início do ano, caíram 26%, para 220 mil de toneladas. Já as projeções de vendas internas são 20% maiores, e apontam 180 mil toneladas no período 2003/04, em comparação às 150 mil toneladas projetadas no começo do ano-safra.

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