As usinas do Centro-Sul do Brasil vão novamente antecipar a moagem de
cana-de-açúcar, um mecanismo que já está se tornando corriqueiro no setor sucroalcooleiro. A safra 2005/06 deverá se iniciar em março já com algumas usinas dando início ao processamento da matéria-prima. Segundo Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da
Agroindústria Canavieira de São Paulo – Unica, as usinas deverão processar cerca de 13 milhões de toneladas entre março e abril. Tradicionalmente, as usinas processam 8 milhões de toneladas neste mesmo período. A antecipação tem como objetivo atender à demanda, uma vez que oferta de álcool estará apertada por conta da entressafra. Estimativas mais conservadoras indicam que o Centro-Sul baterá novo recorde de produção de cana, impulsionados pela expansão de área, com investimentos em novas usinas produtoras, e pelo bom desempenho do clima. No mercado, especula-se que a safra possa atingir 350 milhões de toneladas.
Se as expectativas de mercado se confirmarem, a safra 2005/06 será de
boas notícias para o setor. Boa demanda pelo álcool nos mercados interno e externo e as crescentes exportações de açúcar, por conta das quebras das safra da Índia e Tailândia, vão manter o Brasil na liderança mundial nesses dois mercados.
O grande desafio para as usinas brasileiras em 2005 será o de manter os mercados já conquistados, sobretudo para o álcool, e avançar nos potenciais importadores do combustível. Segundo Eduardo Pereira de
Carvalho, presidente da Unica, o álcool brasileiro avançou sobre importantes mercados, como Índia e Estados Unidos em 2004, e ganhou mais espaço em países como Nigéria, Coréia do Sul e Japão, tradicionais importadores de álcool para fins industriais. As usinas trabalham com a expectativa de manter ou registrar um
pequeno aumento dos volumes embarcados de álcool sobre o ano de
2004, que ficou em torno de 2,3 bilhões de litros. Carvalho disse que o comportamento das exportações de álcool vai depender dos preços do petróleo. Para Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro, se os preços do barril do petróleo se mantiverem acima
de US$ 40, o mercado continuará atraente para o álcool. A Datagro prevê embarques de 2,4 bilhões de litros de álcool para este ano. Se confirmadas as expectativas, o país conseguiria, neste cenário, manter a tendência de recuperação de sua participação nas
exportações globais, já verificada nos três últimos anos. Se já é líder nos embarques mundiais de açúcar, com mais de 40% de participação no mercado mundial, em 2004 também se manteve no topo em álcool, com 39,8% do total negociado no mercado livre, segundo Nastari. Matéria extraída do JornalCana – Edição 133 – Pág. 21