Mercado

Centro Azucarero Argentino e Unica tentam resolver o problema do açúcar brasileiro

O açúcar brasileiro continua totalmente fora das regras de comércio integrado do Mercosul. E as relações comerciais entre Brasil e Argentina não andam doces. Ao avaliar, em 16 de julho, a situação do açúcar no mercado argentino e a falta de soluções para a taxação que chega a 50% o ministro da Agricultura Roberto Rodrigues disse que o mercado argentino precisa ser aberto para o açúcar brasileiro.

O anúncio do governo argentino das barreiras burocráticas para a exportação de fogões, máquinas de lavar roupa, geladeiras e de criar uma sobretaxa de 21% sobre televisores produzidos na Zona Franca de Manaus levou o governo brasileiro a partir para a negociação. Nessa correria, esqueceu-se de um problema antigo, que afeta o agronegócio canavieiro.

O esforço descomunal dos representantes do governo brasileiro, sindicalistas e entidades representativas do setor industrial para acertar os ponteiros não incluiu o setor sucroalcooleiro, reclama a Unica – União da Agroindústria Canavieira de São Paulo.

Dispostos a depender o mínimo possível do governo, os produtores brasileiros estão engendrando ações para remover o entrave que barra a integração do açúcar brasileiro às normas do Mercosul, informa Antônio de Pádua Rodrigues, da Unica.

Duas negociações verbais foram feitas entre os lados para romper as barreiras tarifárias impostas ao açúcar brasileiro na Argentina, informa Pádua. Os produtores argentinos foram representados pelo líder sucroalcooleiro Jorge Sorreguieta, do Centro Azucarero Argentino. Pádua conta que, uma reunião aconteceu na Argentina e outra no Brasil.

Os produtores brasileiros e argentinos querem, agora, formalizar um acordo, “sem a participação dos governos nas negociações”, para acabar de vez com a pendenga.

O empresário João Carlos de Figueiredo Ferraz, do Grupo CrystalSev e presidente da Usina Jardest S/A, concorda com Antônio de Pádua Rodrigues, da Unica. Além de não incluir a questão do açúcar em nenhuma das pautas em reuniões com os argentinos, a bancada do PT no Congresso não deixa aprovar o projeto de lei 454, de 2003, de autoria do deputado e professor licenciado do Departamento de Economia Rural da Esalq, Antônio Carlos de Mendes Thame (PSDB/SP).

O projeto, segundo o deputado, suspende as preferências tarifárias no comércio interno do Mercosul para o açúcar e todos os produtos alimentícios que contenham 10% ou mais de açúcar em sua composição. É um revide, uma posição que foi tomada à mesma altura e tom pelos deputados argentinos. “Já passou da hora do governo Lula reagir e tomar as primeiras medidas efetivas para resolver de vez os problemas advindos de nossas mal resolvidas relações comercias com a Argentina, em especial com a questão do açúcar”, disse.

João Carlos concorda em parte e afirma que o PT não aprova o projeto porque não quer, pois tem maioria no Congresso, embora reconheça que o governo Lula esteja ouvindo os produtores de açúcar e que a posição tomada se trata de estratégia em relação à consolidação do Mercosul. Para o empresário, o mercado argentino é pequeno, mas os entraves têm que acabar para que o açúcar brasileiro possa ser negociado em bloco, no caso o Mercosul. Ele adverte que os americanos, por exemplo, podem “simplesmente jogar com o seguinte argumento: se nem a Argentina que é parceira de vocês no Mercosul não derruba as barreiras, por que nós vamos derrubar as que lhes impomos?”, é a mais pura politicagem”.

Destaque

Briga antiga

Desde o dia 20 de março de 1587 o açúcar é motivo de conflito entre Brasil e Argentina, quando chegou ao porto de Santa Maria, em Buenos Aires, uma fragata brasileira que trazia as primeiras exportações brasileiras para o mercado argentino. Até hoje o embargo portenho permanece à deriva e as águas ficam turvas quando a pauta é inserir o açúcar em todos os países que compõe o Mercosul, pois, em tempos de globalização, os acordos comerciais são realizados e concretizados em bloco.

Confira esta e outras novidades sobre o mercado sucroalcooleiro na edição de julho do JornalCana.