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Cenário promissor pós-pandemia gera otimismo no setor

CEOs reforçam a importância da disciplina financeira e da produtividade para as usinas

Cenário promissor pós-pandemia gera otimismo no setor
  • O 1º CEO Meeting Webinar JornalCana, “Perspectivas e Tendências do Setor no Pós-Covid”, realizado nesta quarta-feira (10), pelo JornalCana, abordou os impactos da COVID-19 sobre as usinas e também destacou as tendências macro econômicas e de sustentabilidade que devem impulsionar o setor bioenergético no pós-pandemia. Os palestrantes destacaram a resiliência do setor, uma atividade essencial não apenas pelos produtos que gera, mas principalmente pelo impacto sócioeconômico, reforçando que o cenário se mostra promissor ao segmento.

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Jacyr Costa Filho, membro do comitê executivo do Grupo Tereos, destacou que, apesar de todos os percalços, a pandemia trouxe fatores positivos ao setor, entre eles, a valorização da saúde e a importância do etanol neste contexto. Aliado a este fator positivo está o RenovaBio, importante política para evidenciar a eficiência energética da cadeia produtiva do etanol e biodiesel, que precisa ser acelerado, mas está encontrando algumas amarras.

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Jacyr Costa Filho

“Existem dificuldades para a regulamentação da tributação dos CBios. A Receita Federal está tributando em 35% os CBios, um certificado de descarbonização ambiental de grande valor, enquanto que certificados mobiliários e financeiros são tributados em 15%. É um absurdo”, alegou. Costa Filho afirmou que o Governo Federal precisa ter sensibilidade diante de um programa de tal grandeza, que implementará um mercado de descarbonização e de uma matriz energética limpa e renovável que deve se tornar benchmarking para o mundo.

Quanto ao pós-pandemia, o executivo ressaltou otimismo com o cenário que se vislumbra para a energia renovável. “Será a nossa herança no pós-pandemia”, destacou.

Jacyr também aponta a necessidade de abertura de novos mercados internacionais para o etanol e a preocupação com risco de protecionismo em relação ao açúcar, além de exigências mais rígidas de certificações de origem, fatos que podem ser limitantes para a retomada do segmento no pós-crise.

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Ricardo Martins Junqueira, CEO da Diana Bioenergia, também destacou a relevância do RenovaBio ressaltando que é uma política que o Brasil pode exportar como modelo, já que fomenta não só o etanol, mas todos os biocombustíveis e protege o meio ambiente, contribuindo para a redução de emissões de CO2.

Ricardo Martins Junqueira

“O CBio só vale quando se produz em terra que não foi desmatada, em terra que está regularizada pelo CAR, em terra que está com o seu zoneamento agroindustrial correto”, disse. Ele citou Nova Délhi, na Índia, por exemplo, com altos índices de poluição, onde o Estado tem enormes gastos com saúde que poderiam ser evitados com o uso do etanol. “É uma política que realmente o Governo Federal tem que dar mais atenção e ajudar a acelerar”, disse.

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Geovane Consul

Geovane Consul, CEO da BP Bunge Bioenergia, destacou a resiliência do setor, sua agilidade em responder à demanda da sociedade com doações feitas e apoio à comunidade. “As doações de álcool em gel ou 70% ajudaram muito a combater a pandemia e não foram restringidas à área de atuação das nossas empresas, mas também foram distribuídas em Estados como Bahia, Piauí, Ceará, Santa Catarina e Rio Grande do Sul”, afirmou.

Consul comentou que o setor não recebeu a mesma solidariedade do Governo diante da crise que afeta a agroindústria canavieira. “Não houve apoio ao nosso setor e sim uma pequena ação em relação à warrantagem de etanol, muito aquém do que o segmento precisava e esperava. Isso é uma lição e a gente vai ter que trabalhar em produtividade e em eficiência operacional para nos blindar de situações como essa no futuro”, alertou.

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Francis Vernon Queen Neto, vice-presidente de Etanol, Açúcar e Bioenergia da Raízen, lembrou que a companhia nasceu em 2011 tendo entre seus objetivos promover o etanol e transformá-lo, com o suporte da Shell, em uma commodity global. “Estamos bastante empenhados nisso, não só incentivando produção de primeira geração, como também temos um projeto de segunda geração e queremos exportar essa tecnologia, justamente para promover a produção em outros países”, disse.

Francis Vernon Queen Neto

O VP da Raízen comentou sobre as medidas tomadas para garantir a atividade de suas usinas e, ao mesmo tempo, garantir a saúde dos seus colaboradores. Citou que a pandemia impactou nos negócios, principalmente o etanol, que sofreu quedas bruscas de consumo e preço. “Enfrentamos uma situação atípica. Só em abril ocorreu redução de 38% na demanda do etanol hidratado e, pela primeira vez na história, o barril de petróleo foi cotado em valor negativo. Isso gerou um grande stress para nós do setor, que temos, obviamente, uma parcela enorme da nossa receita associada ao produto fóssil”, afirmou.

O executivo afirmou estar confiante não só no mercado de açúcar, etanol e bioenergia, mas também em outras vertentes do segmento. “Temos outros projetos porque acreditamos muito que os produtos sustentáveis vão ser muito valorizados, como já vem sendo na Europa e EUA. Temos também o nosso projeto de E2G, o projeto de biogás e o de projeto de pellets, com o qual a intenção é exportar biomassa também para produzir energia limpa”, contou, finalizando. “A gente vê um futuro incrível. É a indústria certa para o futuro”.

Josias Messias

“Os painelistas se mostraram otimistas com o cenário positivo de longo prazo.  E destacaram a importância de se ter disciplina, também financeira, pois a atividade bioenergética é altamente demandante de capital e requer uma estrutura de capital sólida a curto, médio e longo prazo. As empresas que tiverem essa disciplina e estrutura vão conseguir superar essa fase apesar da perda de preço dos seus produtos e atravessar a safra, mantendo não as margens, mas as suas atividades. Diferentemente daquelas que já estavam em uma situação difícil ou com um alto grau de endividamento em dólar”, conclui Josias, que moderou o debate.

O Webinar contou com patrocínio da SAP Concur – A plataforma líder mundial de gestão de despesas e viagens da SAP; da Telog – Inteligência Logística a serviço da Cadeia de Suprimentos, da  HB Saúde — Sempre ao seu lado! e da S-PAA Soteica – Software de Otimização em Tempo Real que maximiza a cogeração e a eficiência industrial, gerando ganhos superiores a R$ 1/tc em mais de 40 usinas instaladas.

Dando sequência à série de webinares às quartas-feiras, o JornalCana promove o “Usinas de Alta Performance: Processos, Fermentação e Produção de Etanol” nos dias 17 e 24 de junho, as 18:30. Faça sua inscrição por aqui