O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, representa o governo brasileiro nesta semana, em Adis-Abeba, na Etiópia, no Primeiro Seminário de Alto Nível sobre Biocombustíveis na África. Com o tema Desenvolvimento e Sustentabilidade dos Biocombustíveis na África – Oportunidades e Desafios, o encontro, que ocorre desde segunda-feira (30) e se prolonga até quarta-feira (1º), é promovido pelos países da União Africana.
Durante seus três dias de realização, o seminário explora toda a complexidade dos biocombustíveis, mostrando as experiências de diversos países. Cassel participou da abertura, nesta segunda-feira. Na manhã desta terça-feira (31), palestra sobre o Programa de Produção e Uso do Biodiesel, do Governo Federal. O governo brasileiro foi convidado a participar pelo desempenho positivo em seu trabalho com fontes renováveis de energia.
O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, lançado em dezembro de 2004, já inclui na cadeia de produção do biocombustível 70 mil famílias. A expectativa é de que, até o final da safra 2007/2008, 210 mil agricultores familiares estejam agregados à cadeia, produzindo matérias-primas em área superior a 600 mil hectares. Atualmente, mais de 5,5 mil postos comercializam esse biocombustível no Brasil.
Política estratégica
De acordo com a organização do evento na Etiópia, o seminário se insere no âmbito global do Planejamento Estratégico 2004-2007 da Comissão da União Africana, que prevê, entre outras metas, o desenvolvimento de uma política estratégica em matéria de energias novas e renováveis.
Entre os principais objetivos do evento estão: a exploração dos biocombustíveis na África; a reunião das partes interessadas na questão dos biocombustíveis para a elaboração de um plano estratégico comum sobre a valorização das fontes de energias renováveis; facilitar o desenvolvimento das políticas e estratégias viáveis sobre a indústria dos biocombustíveis na África; além de informar aos participantes sobre as decisões políticas que estão sendo tomadas no continente africano sobre as fontes de energia renovável.
Com a realização do seminário, a União Africana espera uma adoção de diretrizes políticas e uma estratégia de desenvolvimento continental em matéria de biocombustíveis, a definição das diversas responsabilidades das partes interessadas na valorização das energias renováveis e a elaboração de uma estratégia a seguir com vista ao desenvolvimento da indústria de biocombustíveis na África. Os resultados do seminário serão apresentados na próxima Conferência dos Ministros Africanos da Energia.
Participantes do evento
Além de especialistas brasileiros em biocombustíveis, foram convidados a participar do seminário especialistas dos estados-membros da Comissão da União Africana, representantes do governo africano do setor privado e das instituições acadêmicas e de pesquisa, bem como especialistas em energia, transporte, agricultura e meio ambiente das organizações da União Africana.
Organizações internacionais do setor de energia, representantes do Banco do Desenvolvimento Africano, do Banco Mundial, da Comissão Européia e das indústrias de biocombustíveis na África; associações dos países de produtores e não-produtores de óleo na África (APPA & NAOPC); a Cooperação Técnica Alemã (GTZ); e os organismos das Nações Unidas, como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), também participarão.
Selo Combustível Social
Com o objetivo de estimular a participação da agricultura familiar na cadeia do biodiesel, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) criou o Selo Combustível Social. O Selo é um componente de identificação concedido pelo Ministério aos produtores de biodiesel que promovam a inclusão social e o desenvolvimento regional por meio da geração de emprego e de renda para os agricultores familiares enquadrados nos critérios do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
Para receber o Selo, o produtor de biodiesel terá de adquirir da agricultura familiar pelo menos 50% das matérias-primas necessárias à sua produção de biodiesel, no caso do Nordeste e do Semi-árido brasileiro. Nas regiões Sudeste e Sul, esse percentual mínimo é de 30%; e nas regiões Norte e Centro-Oeste, de 10%.
Entre os benefícios concedidos pelo Governo Federal a esses produtores estão a redução nas alíquotas de PIS/PASEP e Cofins, o acesso a melhores condições de financiamento junto aos bancos públicos e a possibilidade de participar dos leilões de biodiesel.
(Envolverde/Min do Desenvolvimento Agrário)