O casco da primeira sonda para perfuração de poços no pré-sal brasileiro foi lançado ao mar nesta quinta-feira, no estaleiro Jurong, em Cingapura. No fim do ano, a sonda será trazida para o Brasil, onde deverá chegar em janeiro. A partir daí, o casco vai para o Estaleiro Jurong Aracruz, que está em construção no Espírito Santo, para finalizar sua construção.
Após o lançamento ao mar, serão feitos o acabamento na parte interna do casco e as pinturas acima da linha d´água (parte da embarcação que fica acima do nível do mar). Só depois disso, a sonda iniciará sua viagem para o Brasil.
O estaleiro Jurong Aracruz ainda está em construção, mas a empresa diz que o cais de acabamento – parte principal para a construção da sonda – ficará pronto a tempo de receber o equipamento em janeiro.
A Sete Brasil tem, ao todo, encomendas de 29 sondas junto a cinco estaleiros brasileiros, das quais 28 serão afretadas para a Petrobras. O valor total dos investimentos é de US$ 25 bilhões e a empresa estima que no pico das obras de todas as sondas serão gerados 100 mil empregos no país.
Em entrevista exclusiva ao O Globo, João Carlos Ferraz, presidente da Sete Brasil, explica que em janeiro do próximo ano também está prevista a conclusão das obras do cais de acabamento e do enrocamento (proteção) do estaleiro, que estava previsto inicialmente para ser concluído em novembro deste ano. Esse cais é essencial para receber o casco e, segundo o executivo, permitirá que a sonda seja concluída, mesmo que outras áreas do estaleiro não estejam prontas na ocasião.
— A construção do cais de acabamento está atrasada. Quando o Jurong participou do projeto do estaleiro no Brasil, ele estava planejando os mesmos custos que teria em Cingapura, mas foram muito maiores. Por isso, teve de se fazer mais negociações — diz Ferraz.
No prazo
A Sete Brasil, empresa proprietária da sonda, garante que o conteúdo local no equipamento ficará em 59% acima dos 55% previstos no contrato. O percentual maior de conteúdo nacional foi feito para a empresa ter uma margem, caso ocorresse algum atraso durante a construção, que pudesse colocar em risco o índice mínimo. Nas próximas, o conteúdo será maior, chegando a 65%, nas últimas.
O executivo afirma que, além da retomada da indústria naval, a construção dessas sondas requer tecnologias complexas, e leva tempo para que sejam absorvidas.
— É preciso entender que é uma indústria complexa e é preciso tempo e processos adequados para transferir essa tecnologia. Esse empreendimento (construção das sondas) é como uma corrida de maratona, não como uma corrida de 100 metros rasos.
Ao todo, a Sete Brasil está construindo 29 sondas, sendo 28 para a Petrobras e uma para ser afretada ao mercado. A encomenda foi feita em cinco estaleiros: Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Pernambuco; Brasfel, no Rio de Janeiro; Rio Grande, no Rio Grande do Sul; Paraguaçu, na Bahia; e Jurong Aracruz, no Espírito Santo (os dois últimos ainda em construção.
Dos US$ 25 bilhões previstos, já foram gastos US$ 3,3 bilhões. Apesar de as obras estarem a pleno vapor, o BNDES ainda não liberou recursos.
Empréstimos de curto prazo
Por isso, a Sete Brasil vem recorrendo a empréstimos de curto prazo. A companhia já fez dois com bancos nacionais no total de US$ 2,2 bilhões. Está previsto um terceiro em agosto no valor de US$1,1 bilhão e mais um em setembro, de US$ 900 milhões.
O primeiro desembolso do BNDES deve ser sair no até março de 2014 e será entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões, para as sondas que serão entregues entre 2015 e 2016. O segundo, no valor de US$ 5,5 bilhões será liberado no fim de 2014. A terceira parte,de US$ 2,5 bilhões a US$ 3 bilhões, será destinada às sondas restantes.