A cada dia que passa aumenta a minha indignação com a carência de liberdade em nosso setor agropecuário.
Como é difícil planejar em nosso país. Aprendi na faculdade de engenharia e ao longo da minha profissão, que sem planejamento o resultado é quase sempre negativo. A distorção de valores tem afastado o produtor da realidade e deixado a opinião pública confusa e desinformada. Já não se sabe quem é quem ou quem tem razão.
As constantes oscilações dos preços dos produtos agrícolas quase sempre vêm acompanhadas de explicações inverídicas.
Veja por exemplo no caso do álcool; fala-se na culpa do álcool pelo aumento do preço da gasolina, há, há, há, isto é brincadeira. Tanto para a cana, como a totalidade dos produtos provenientes do campo, sofrem com os constantes aumentos pelo cartel do adubo e ninguém reage. Os produtos químicos, óleo diesel e outros também estão sempre sendo atualizados, enquanto que o preço ao produtor fica sempre a mercê das desgraças climáticas.
Basta meu caro ministro. O produtor deste país deveria ser lembrado e agradecido todos os domingos nas missas das igrejas brasileiras e não incentivar invasões. Às vezes me pergunto, como ainda conseguimos tirar leite, plantar milho, produzir café ou engordar boi. Até quando senhor ministro vamos ser enganados? Ainda existe no país, trabalho escravo sim, mas também nós proprietários de terra estamos sendo usados e perseguidos. O meio ambiente, MST, IR, leis trabalhistas, clima, preço ao produtor, falta de financiamento, seguros inadequados, altos juros, estradas esburacadas, pedágios, roubos em fazendas, cooperativas desonestas e muitas outras ocorrências fazem parte do caminhão sem breque morro abaixo que sempre temos que segurar no peito. Enquanto outros países subsidiam seus produtos nós aqui estamos matando o produtor.
Sr ministro conservar o produtor em suas terras é tão importante quanto fazer uma reforma agrária. Proibir que os cartéis proliferem sem uma regulamentação adequada é igualmente necessário, pois senão viraremos todos aposentados proprietários de fazendas e os nossos filhos serão meros expectadores de uma nação derrotada. Isto vai contra a atual política de geração de emprego do governo Lula, normatizar esta situação é muito importante para segurar o homem do campo em sua terra.
Chafi Nader é produtor e administrador de fazenda