A frota de carros novos com motor bicombustível vendidos este ano superou, pela primeira vez, a de modelos movidos a gasolina. De janeiro a setembro foram comercializados 562,7 mil veículos flexíveis (rodam com álcool ou gasolina), o equivalente a 47,5% da venda nacional. As versões a gasolina somaram 544,1 mil unidades, 46% do total.
Com essa tecnologia já dominada, as montadoras agora correm para sair na frente com o carro tetracombustível, que permitirá abastecer também com gás, além da gasolina pura usada em países do Mercosul.
Hoje, carros exportados precisam de adaptação no motor.
A Magneti Marelli já tem a tecnologia do tetra e negocia o fornecimento com as montadoras. A Bosch também tem o produto, mas o chama de tricombustível. A inversão da demanda por carros bicombustíveis já vinha ocorrendo desde maio, quando passaram a liderar as vendas mensais. Na soma total, o resultado é inédito e pode antecipar a projeção da indústria.
Inicialmente esperava-se que em 2 anos 100% dos carros sairiam de fábrica com motor flex. O interesse do consumidor é crescente por causa da segurança de escolha do combustível e da economia gerada pelo álcool em relação à gasolina, diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb.
A participação maior dos flexíveis também é resultado do aumento da oferta de produtos. Modelos lançados mais recentemente só oferecem essa tecnologia. Entre as principais fabricantes, apenas Honda e Toyota não têm carros flex. Em setembro, 65,8% dos veículos eram bicombustíveis. No total da frota vendida no ano há 2% de carros movidos a álcool e 4,6% a diesel.
RECORDE
Apesar dos números negativos em setembro ante agosto, por causa do menor número de dias úteis, segundo a indústria, o balanço do setor segue positivo. A produção de 205,7 mil veículos foi recorde para um mês de setembro, embora tenha caído 5,6% ante agosto. No ano, a produção de 1,83 milhão de veículos é 12,6% maior que a de 2004.
A exportação de US$ 1,037 bilhão também foi recorde para meses de setembro, mas caiu 4,1% ante agosto. No ano, soma US$ 8,3 bilhões, 38% a mais que em 2004. As vendas superam em 9,8% o resultado de janeiro a setembro passado, com 1,2 milhão de unidades. No mês, somaram 144 mil veículos, 4,8% menos que em agosto. Independente da variação de setembro, o setor segue em ritmo de crescimento, diz Golfarb, que espera a continuidade da tendência nesse último trimestre, mas em ritmo inferior ao de 2004.