Ancorada em dez principais grupos de produtos, a pauta de exportação do agronegócio brasileiro sofreu uma importante mudança estrutural nos últimos cinco anos, período em que ampliou sua participação de 182 para 214 mercados em todo o mundo.
A forte expansão das vendas externas do setor entre 2000 e 2005 foi baseada nos sólidos avanços do complexo soja (125%), carnes (318%), produtos florestais (89%), açúcar e álcool (277%), couros e calçados (118%), café (64%), fumo e tabaco (102%), fibras e produtos têxteis (83%), laranja (10%), além de frutas e castanhas (128%), aponta o anuário Intercâmbio Comercial do Agronegócio, divulgado ontem pelo Ministério da Agricultura. A publicação mostra que ganharam espaço as vendas de carnes (de 10,3% para 18,8%) e de açúcar e álcool (de 6,6% para 10,8%). Perderam os produtos florestais (de 20,1% para 16,5%), café (de 9,4% para 6,7%) e laranja (de 5,6% para 2,7%).
Nesses últimos cinco anos, a pauta do setor registrou uma considerável desconcentração. Mercados emergentes, como Rússia e China, passaram a deter 43% do total exportado. Em 2000, eram apenas 27%. Na outra ponta, destinos tradicionais, como Estados Unidos e União Européia, tiveram sua fatia reduzida de 71% para 55%. Argentina, Chile, México, Portugal, Bélgica, Alemanha, Japão também cederam espaço.
Editada pela Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio, a publicação indica que o Brasil detém boa participação nas importações de mercados como Emirados Árabes (10,45%), Arábia Saudita (11,3%), Marrocos (10,4%), Irã (46,2%), Nigéria (13,5%), além de Chile (18,3%) e Argentina (41,1%). Mas as exportações brasileiras do setor estão mais focadas nos Estados Unidos, China, Alemanha, Países Baixos, Japão, França, Itália, Reino Unido, Rússia e Espanha.
De acordo com projeções do anuário, China e Rússia passarão a ser os principais clientes do agronegócio nacional até 2010. As informações reunidas pela Coordenação-Geral de Organização para a Exportação mostram que as exportações do agronegócio cresceram a uma taxa anual de 18% nos últimos cinco anos. O saldo da balança cresceu de US$ 13,7 bilhões para US$ 38,4 bilhões no período.
Para aproveitar a Copa do Mundo, realizada na Alemanha, Ministério da Agricultura preparou uma forte campanha para divulgar os produtos do agronegócio no exterior, sobretudo café e frutas. Orçada em R$ 1,35 milhão, a campanha “Prove o Brasil”, que começou em 29 de maio e estende-se até 12 de julho, tenta valorizar os produtos ao demonstrar que o agronegócio brasileiro respeita o meio ambiente. O governo quer reverter a imagem negativa criada a partir de reportagens que mostram o avanço da área plantada de soja na Amazônia.
“Isso não existe. A Amazônia Legal representa menos de 1,5% da produção nacional do grão”, disse o ministro Roberto Rodrigues. Foram instalados painéis com imagens de alimentos brasileiros associados ao futebol, música, paisagens e festividades brasileiras. Rodrigues participará de um seminário sobre o agronegócio brasileiro na Bolsa de Valores de Frankfurt, quando debaterá também o desenvolvimento da agroenergia no Brasil.