Com a Crystalsev fora, trading Fluxo S.A. mantém as negociações. Reviravolta nas negociações de compra da Açucareira Corona, de São Paulo, pela joint venture entre a Cargill, a Crystalsev e a trading Fluxo S.A. A Cargill enviou carta à Corona no mês passado informando que estava desistindo do negócio. Comunicado semelhante foi enviado pela Crystalsev dias antes. Tudo indica que, agora, a Fluxo poderá comprar a Corona sozinha ou em parceria com um sócio brasileiro.
Não é desta vez que a Cargill fará sua tão aguardada estréia no mercado de açúcar e álcool. Procurados por este jornal, os executivos da empresa não foram encontrados para comentar o assunto. Mas o comunicado da compra, feito precipitadamente há três meses, foi misteriosamente retirado do website da Cargill do Brasil (www.cargill.com.br) e dos Estados Unidos (www.cargill.com).
João Carlos Ferraz, presidente da Crystalsev, nega que tenha desistido do negócio. “Em função das férias dos executivos envolvidos, as negociações foram suspensas e devem ser retomadas nas próximas semanas”, diz. “Acabo de voltar de viagem e tampouco tenho informações de que a Cargill tenha desistido da compra”.
Segundo fontes do mercado, a Crystalsev foi a primeira a desistir da operação em função de uma auditoria da Receita Federal. A Receita multou a Corona em R$ 103 milhões pelo não recolhimento do ICMS. A Crystalsev, temerosa da pressão dos credores caso a compra fosse concretizada, decidiu engavetar o negócio.Para a Cargill, a saída da Crystalsev enterrou suas pretensões de ingressar no setor por meio da Corona. A Crystalsev atuaria como um parceiro operacional, já que a Cargill não tem expertise no segmento de açúcar e álcool.
A Crystalsev é, para a multinacional americana, um sócio constante nos negócios envolvendo o setor sucroalcooleiro. Elas são sócias em três terminais – dois de açúcar no Porto de Santos e um de álcool – e tem projeto para construir uma usina de álcool no Caribe. Os planos para construir uma usina na Síria foram engavetados (ver box abaixo). A compra da Corona seria, na prática, a estréia da Cargill no segmento sucroalcooleiro. A desistência não significa que a empresa tenha engavetado os planos de comprar uma usina no Brasil.
A Corona estava sendo negociada por R$ 400 milhões. Neste valor estavam incluídos não só o valor da marca e dos ativos, mas também de dívidas, contingências e 2,4 mil hectares de terras; parte das terras seria arrendada por 20 anos. A Cargill ficaria com 50% do negócio e a Fluxo e a Crystalsev com 25% cada uma.
A Fluxo, que foi quem montou toda a engenharia da venda, decidiu manter as negociações apesar da desistência de seus sócios. A trading poderá ficar sozinha com a Corona ou então se aliar ao Grupo Cosan ou à Copersucar, duas ex-interessadas na Corona. A Fluxo tem operações de pré-pagamento de compra de açúcar com a Corona e é sua maior compradora de açúcar.
A Açucareira Corona é formada pela Usina Bonfim, de Guariba (SP), e a Usina Tamoio, localizada na cidade paulista de Araraquara. Ela tem capacidade de processar 6 milhões de cana por ano.