A preocupação que o setor sucroenergético tem demonstrado, nos últimos anos, com o uso racional da água nada tem a ver com discursos vazios, projetos que não saem da “gaveta” ou promessas nunca realizadas ou cumpridas. Não faz parte de uma estratégia de marketing que têm exclusivamente o objetivo de criar uma imagem positiva da atividade em relação à sustentabilidade ambiental. O interesse por essa questão é algo palpável e sólido.
A captação média de água por parte das usinas e destilarias paulistas teve uma queda em torno de 90% nos últimos 30 anos, caindo dos 15 a 20 metros cúbicos por tonelada de cana na década de 70, para a média de dois metros cúbicos por tonelada observada desde 2005.
Existem usinas que chegam a captar apenas um metro cúbico por tonelada. Esse avanço significativo é demonstrado pelo Manual de Conservação e Reuso de Água na Agroindústria Sucroenergética, lançado no dia 2 de dezembro, em São Paulo.
Apesar dos avanços indiscutíveis nessa área, o próprio lançamento desse Manual – que possui diversas informações relacionadas ao gerenciamento dos recursos hídricos – indica que existe ainda muita coisa a fazer. A publicação é considerada inclusive uma ferramenta importante para a sequência desse trabalho, segundo declarações de Marcos Jank, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
Concluído após três anos de trabalho, o Manual foi desenvolvido por especialistas do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), com a coordenação do pesquisador André Elia Neto e apoio da Unica, da Agência Nacional das Águas (ANA) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A publicação oferece informações importantes aos interessados na utilização de processos industriais em sintonia com os conceitos do desenvolvimento sustentável e de melhoria da qualidade ambiental em relação ao uso da água.
O Manual traz um panorama dos recursos hídricos no Brasil e no mundo. Além disso, divulga um balanço hídrico industrial, com o cálculo dos usos de água de cada operação industrial. Outros assuntos abordados são a necessidade de preservação dos solos agrícolas da atividade canavieira e aspectos da legislação e normas aplicadas ao setor, principalmente no que se refere ao pagamento pelo uso da água.