Mercado

Captação externa cresce 96% e atinge US$ 20,7 bi

Empresas e bancos brasileiros voltaram com força ao mercado internacional em 2003. De janeiro até sexta-feira passada, as captações por meio de bônus e empréstimos atingiram US$ 20,742 bilhões, 96,13% acima dos US$ 10,574 bilhões do ano passado, segundo números do Valor Data. O volume de bônus emitidos pelo setor privado, de US$ 17,928 bilhões, é o maior desde os US$ 25,4 bilhões obtidos em 1998, de acordo com a MCM Consultores Associados. O avanço das captações compensou em parte o tombo dos investimentos estrangeiros diretos, que recuaram de US$ 16,6 bilhões para US$ 10 bilhões neste ano.

Além do aumento expressivo no volume de captações privadas, houve também melhora significativa no perfil das emissões ao longo de 2003. O economista-chefe do Crédit Suisse First Boston, Rodrigo Azevedo, nota que no primeiro trimestre os bônus tinham prazo médio de 1,2 ano e, no quarto trimestre, de 7,7 anos. Além disso, as empresas não financeiras passaram a responder pela maior parte das captações. No primeiro trimestre, os bancos responderam por 78% do total. De outubro a dezembro, esse percentual de participação caiu para 41%.

Se os juros nos Estados Unidos continuarem baixos, a expectativa é que empresas e bancos continuem a captar recursos com facilidade em 2004, quando as amortizações com mais de um ano de prazo do setor privado somarão US$ 26,9 bilhões, ante US$ 15,1 bilhões em 2003. Drausio Giacomelli, vice-presidente de mercados emergentes do JP Morgan em Nova York, diz que o desafio não é desprezível, mas que as perspectivas são favoráveis. “Mesmo se os juros dobrarem nos EUA, ficarão em 2%, nível ainda baixo. Em 2000, eles estavam em 6,5%”, lembra.