Mercado

Capital poderá limitar expansão da cana

Para atender à demanda prevista por álcool e açúcar para os próximos 8 a 10 anos, o Brasil teria de produzir pelo menos mais 217 milhões de toneladas de cana, 52% mais que a produção atual, que está sendo estimada em cerca de 409 milhões de toneladas para este ano. O prognóstico, feito quarta-feira pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, na reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Açúcar e Álcool, mostra a preocupação do governo em relação à capacidade do setor privado em realizar esses investimentos.

Para Rodrigues, será preciso montar uma estratégia para que o mercado possa ser atendido. Cálculo feito pelo diretor do Departamento de Açúcar e Álcool, Ângelo Bressan, os investimentos necessários para formar novas lavouras e construir usinas estão entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões. Desse total, R$ 7,5 bilhões para o plantio de mais 3 milhões de hectares. Outros R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões serão destinados à construção de pelo menos mais 60 novas usinas de açúcar e destilarias. Isso sem contar os gastos com a aquisição de máquinas, caminhões para o transporte da matéria-prima e do produto final, além da construção de estradas, portos, armazéns, tanques, etc.

Não estão claras as fontes de recursos para que o setor sucroalcooleiro possa promover a expansão das atividades. Até o momento, as usinas estão aplicando recursos próprios e recorrendo a instituições financeiras oficiais. Mas é preciso definir melhor a forma de financiar esse crescimento expressivo, acrescenta Bressan.

Previsão conservadora

As estimativas de expansão da produção de cana feitas por Rodrigues são consideradas conservadoras pelo mercado. Projeção feita pela Copersucar mostra que a produção de cana terá de crescer 40,5% até o ano-safra 2010/11, para 575 milhões de toneladas.

Segundo estudo divulgado pela empresa, o consumo doméstico de açúcar deverá manter-se em expansão nos próximos anos a um ritmo anual de 1,8% ao ano. O consumo mundial deverá manter a mesma taxa de crescimento. Já o comércio mundial, com a queda dos subsídios europeus ao açúcar refinado, deverá crescer a um ritmo de 3% ao ano. Essa mudança das características do comércio mundial deverá proporcionar ao Brasil uma participação adicional de 50%, o que permitirá que o País passe a deter 39% do mercado mundial em 2010/11.

Oeste paulista

Boa parte da expansão brasileira da produção de açúcar e álcool deverá ocorrer no oeste paulista, informa Antonio Cesar Salibe, da Usinas e Destilarias do Oeste Paulista – Udop. Para ele, a produção de cana, até 2010, deverá chegar a 160 milhões de toneladas. Hoje a produção da região é de 82 milhões de toneladas de cana, plantada em área de 1,2 milhão de hectares. Está em andamento a instalação de 31 novas usinas na região.