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CAP aprova decisão sobre os transgênicos no Paraná

O presidente do CAP (Conselho de Autoridade Portuária dos Portos de Paranaguá e Antonina), José Carlos Mendes, considerou como “única medida cabível” a decisão tomada na sexta-feira passada pelo superintendente da APPA (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina), Eduardo Requião, em conjunto com os operadores portuários que atuam no Porto de Paranaguá, em agregar toda a soja considerada transgênica no silo público, o Silão, com capacidade para 100 mil toneladas, fazendo uma espécie de “limpeza” geral nos armazéns da AGTL. Eles foram arrendados pelo governo paraguaio, da Cargill e da área de retaguarda (zona localizada fora da área primária do Porto).

A operação vai possibilitar o recebimento de caminhões carregados com soja convencional para abastecer os armazéns da área primária do Porto, descartados pela Claspar (Empresa Paranaense de Classificação de Produtos) de qualquer vestígio de contaminação. “Essa alternativa não deve ser confundida com acordo de qualquer natureza, pois se trata de uma condição de respeito à economia do Paraná e aos operadores portuários, que fecharam seus contratos antes da assinatura da lei estadual e representam o meio de campo entre a produção nacional e o mercado consumidor”, declarou Mendes.

A oposição e as críticas criadas nas últimas semanas sobre a lei que proíbe o plantio, o transporte e a comercialização de transgênicos no Paraná são resultado, segundo o presidente do CAP, de interesses que superam o bem estar da coletividade. “Estes, sim, são interesses questionáveis de pessoas preocupadas com seus ganhos pessoais. Isto nos faz pensar que a maioria daqueles que são contrários à Lei faz parte de grupos ligados à produção de soja transgênica do país”, argumentou.

Durante a última semana, técnicos da Claspar realizaram testes em três terminais portuários. Das cerca de 65 mil toneladas de soja amostradas, 98% apresentaram resultado positivo de transgenia. É esta carga que está sendo redirecionada dos armazéns para o Silão. Após a concentração da carga no silo público, a operação de embarque em dois ou três navios acontecerá de forma contínua nos dias 24 e 25 deste mês.

Ontem, o Silão estava recebendo o produto que estava armazenado na chamada retaguarda (zona localizada fora da área primária do Porto) e que completa o volume de cerca de 70 mil toneladas armazenadas no Porto de Paranaguá. Na seqüência aconteceria o envio das cargas armazenadas na AGTL. “O Porto de Paranaguá se livrará desta carga e atenderemos o que prevê a Lei e o que dita o mercado externo, como o europeu, o segundo maior importador de soja, através do Porto de Paranaguá, perdendo apenas para a China”, lembrou Mendes.

Pesquisas realizadas entre consumidores dos países europeus – Gazeta Mercantil, edição do dia 28/10/03, mostram que 70% deles rejeitam os alimentos com algum tipo de produto modificado geneticamente em laboratório. “É com estes mercados, nossos principais compradores, que nós nos preocupamos, assim como valorizamos a legalidade das operações e os agentes que fazem a comercialização dos produtos via Porto de Paranaguá”, finalizou o presidente do CAP.