Os canavieiros de Pernambuco iniciam nesta semana as discussões para formar a lista de reivindicações para a campanha salarial deste ano. O processo envolve 350 delegados sindicais da Zona da Mata e vai focar na questão do fornecimento de refeições para os trabalhadores rurais nos locais de trabalho, durante a safra da cana-de-açúcar.
“Esta é uma reivindicação antiga da categoria, que ainda se alimenta como bóia fria, sem um local adequado para fazer as refeições. Ao contrário de outros setores como a construção civil, onde as empresas fornecem o café da manhã e o almoço, no corte da cana a situação ainda é bastante precária”, argumenta Paulo Roberto Rodrigues Santos, diretor de Polít ica Salarial da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape).
Outra questão que deve entrar na pauta é a contratação por safra, prevista em lei, mas que não dá aos trabalhadores direitos como aviso prévio, seguro desemprego e multa rescisória. Os canavieiros querem uma revisão nesta forma de contratação, para garantir direitos trabalhistas no período de entressafra.
Também entrarão na pauta a garantia de emprego para jovens e mulheres, questões de saúde e segurança no trabalho e transporte seguro, além do piso salarial para a categoria. O processo seguirá durante o mês de setembro para iniciar em outubro o dissídio coletivo.
Esta é a 32ª campanha salarial da categoria, que em Pernambuco consegue negociar de forma considerada modelo – reunindo representantes de 52 sindicatos municipais, com a intermediação da Procuradoria Regional do Trabalho e negociando diretamente com os sindicatos que representam os patrões.
Nos último s anos, o setor canavieiro tem sido afetado pela migração de trabalhadores para outros setores da economia – principalmente a construção civil – motivada pelo crescimento do estado.
Paulo Roberto concorda que esta concorrência pela mão de obra pode beneficiar a negociação com as usinas e os fornecedores de cana, favorecendo uma organização maior das empresas para que ofereçam melhores condições de trabalho. Em Pernambuco, cerca de 100 mil trabalhadores rurais atuam nas plantações de cana durante a safra. Na entressafra, esse número cai para cerca de 30 mil. Na safra 2010/2011 a produção de cana em Pernambuco alcançou 17,9 milhões de toneladas.