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Canavial velho, florescimento e geada comprometem moagem no Centro-Sul

A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA) divulgou hoje (13/7), a nova projeção de moagem de 533,50 milhões de toneladas para a região Centro-Sul nesta safra. De acordo com os dados, em comparação com previsão divulgada no início da safra de 568,50 milhões de toneladas, a redução será de 6,16% e queda de 4,21% sobre o valor final da safra 2010/2011 (556,94 milhões de toneladas). A idade avançada do canavial, estiagem, florescimento e as geadas são alguns fatores que levaram a essa redução no volume de cana disponível para a moagem, segundo a Unica.

De acordo com dados apurados pelo CTC, a produtividade agrícola da área colhida até este momento ficou em 76,0 toneladas por hectare, contra as 94,6 toneladas de cana por hectare apurada em 2010, o que resulta em uma queda de 19,66% em relação ao período anterior.

O diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, afirma que havia muita cana bisada, que não pôde ser colhida em 2009, e isso também elevou a produtividade média do Centro-Sul. “Entretanto, mesmo desconsiderando esse volume de cana bisada, a produtividade da área colhida até o momento está 13,8% inferior ao observado na safra 2010/2011”, diz.

O florescimento do canavial, fenômeno induzido por condições de temperatura, fotoperíodo, umidade e radiação solar bastante específicas, tem ocorrido em algumas regiões produtoras, principalmente nos Estados de São Paulo, Goiás e Minas Gerais. “Essa condição não é desejada em áreas comerciais, pois no florescimento a planta direciona energia para a propagação, reduzindo a produtividade agrícola e a concentração de açúcares no colmo”, enfatiza a Unica.

Algumas regiões canavieiras, principalmente nos Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná foram prejudicadas pela geada que ocorreu na última semana de junho. “A geada comprometeu a disponibilidade de cana para moagem em várias unidades produtoras. As perdas vão desde a “queima” do ponteiro apical, com inibição do crescimento, até a morte de tecidos da planta”, ressalta a nota da entidade.

Doenças fúngicas como a ferrugem alaranjada e a curvularia também estão sendo monitoradas, apesar de ainda não terem influenciado na redução da projeção para a atual safra. Dependendo das condições de umidade nos próximos meses, as áreas a serem colhidas com variedades de cana suscetíveis a essas doenças poderão ter sua produtividade afetada. “O cenário atual impõe um desafio adicional a qualquer exercício de previsão, já que além do canavial desbalanceado, as condições climáticas atípicas e as diferentes respostas fisiológicas da planta dificultam o uso de parâmetros estabelecidos com dados passados”.

Segundo ele, a situação exige um acompanhamento contínuo das condições do canavial nos próximos três meses, período em que cerca de 45% da produção é realizada. “Vamos monitorar essa evolução de perto e, se necessário, faremos novos ajustes e correções na estimativa de safra,” acrescentou.